Uma porta difícil de abrir

"Eu não sei o que é política nem quero saber!” Responderam-me hoje num tom de arrogância “Obrigada e passe bem! Já que eu não vou passar...” pensei eu.

Nunca percebi de política, achava sempre que não era um assunto para qualquer um, como se fosse uma espécie de código morse, que só quem sabe muito era capaz de compreender...
Até o dia em que me explicaram que a política era tudo o que fazíamos: o ar que respiramos, o poder de compra, o café que bebemos, as férias que idealizamos, a liberdade de poder dizer o que queremos, as roupas que vestimos: “Política é tudo, política são as pessoas”. 
Então, como sou uma apreciadora de cérebros e corações decidi entrar pela política adentro, como se estivesse a abrir uma porta enferrujada, daquelas que custam a empurrar, mas pedindo com licença, não vá a minha educação me pesar na consciência durante este percurso.
Quem inventou a espécie humana, e agora cada um idealiza a sua versão do criador, deitou-lhe um toque de egoísmo por cima, como se por cá andasse sozinho: “Eu não sei o que é política nem quero saber!” responderam-me hoje num tom de arrogância, “Obrigada e passe bem! Já que eu não vou passar...” pensei eu. 
Não fui da geração dos tempos da amargura, por isso não sou a pessoa indicada para proferir sobre isso, mas a escola deu-me bagagem suficiente para compreender que alguns perderam a vida para que ninguém chegasse ao poder sem a aprovação do povo. 
Há dias, num jantar de amigos, daqueles jantares que chegamos a casa satisfeitos, porque as conversas aos vintes acabam sempre em reflexões, disseram-me: “Olha tu tens mesmo de falar acerca das pessoas que não vão votar, isso é que é grave!” e é verdade, as minhas amigas enchem-me o coração, numa geração tão apática como a minha saber que os que me rodeiam sabem a importância do voto é de facto uma bênção. Falamos sempre do futuro e falamos acerca do quanto estamos assustadas com o que aí vem, uma vez que estamos todos a terminar os cursos e a começar a vida profissional surgem os medos de viver numa ilha onde é preciso conhecer alguém: “Não dá para meter uma cunha?” Até parece conversa de sapateiro...
Entristece-me saber que vivo numa ilha de cunhas, numa ilha onde é preciso conhecer alguém para poder estudar com dignidade, sabiam que já me confessaram na universidade estarem com fome porque “ou bem pagar as propinas ou bem ter dinheiro para conseguir almoçar aqui”, numa ilha onde a saúde passou a ser um luxo e onde compramos meia dúzia de coisas no supermercado e vamos para casa fazer contas na calculadora para confirmar se a conta final estava mesmo certa.
Não sei quem é que deixou esta porta tão pesada, mas a minha geração está aflita para a conseguir abrir... precisamos de muitas mãos! 
É por isso que hoje venho vos escrever, para que dia 22 de Setembro façam a escolha certa e juntos possamos empurrar a porta pesada que nos deixaram.
A Madeira Para Todos!!!