UMa: 30 anos a formar Pessoas

A Universidade da Madeira encerrou as comemorações do seu 30º aniversário.

Como bem recordou o seu Reitor, Prof. Doutor José do Carmo, na cerimónia de encerramento das comemorações dos 30 anos da UMa, são inegáveis as mais-valias da existência desta Instituição de Ensino Superior Público para a Região, na medida em que dá um contributo inestimável para a sua economia, formando quadros de excelência, contribuindo, também, para elevar as competências académicas da nossa população. As dificuldades financeiras da nossa Universidade foram evidenciadas e, com toda a justiça, foi exigido ao governo da República o cumprimento das promessas de aumentar a dotação financeira para a mais jovem Universidade do país. O passo importante que se deu, no sentido de baixar as propinas em mais de 200 euros anuais, que vai beneficiar muitos estudantes e respetivas famílias, tem que ser acompanhado, como ficou inscrito no Orçamento do Estado, por medidas de compensação financeira para as Universidades sem nenhuma redução dos apoios sociais atualmente em vigor. No entanto, a par dessas garantias, é preciso olhar para a UMa e perceber o que podemos fazer para melhorar, ainda mais, a nossa Universidade. Em primeiro lugar – e perdoem os leitores e as leitoras de ‘puxar a brasa à minha sardinha’ – esta Universidade “não é para velhos”. Com efeito, numa altura em que, no mundo inteiro, a formação ao longo da vida, inclusive a superior, é acarinhada e promovida, a nossa Universidade ainda tem um longo caminho a percorrer se quiser garantir aos estudantes, que são também trabalhadores, as condições mínimas para poderem licenciar-se ou fazerem o 2º e 3º ciclo de estudos com relativo sucesso. É que não basta garantir o cumprimento do estatuto de trabalhador-estudante, legalmente consagrado. É preciso adaptar a Universidade à realidade destas pessoas, que já têm alguma expressão na UMa, garantindo-lhes, por exemplo, uma avaliação que se ‘encaixe’ nas suas necessidades. Se é verdade que alguns docentes tentam encontrar, com os alunos, as melhores formas de garantir a igualdade de oportunidades para quem já está no mundo laboral, com relativo sucesso, também é verdade que existem outros que ‘torcem o nariz’ quando interpelados nesse sentido. Não seria necessário ponderar a alteração de regulamentos de avaliação, atuar numa perspetiva de sensibilizar os docentes menos sensíveis a esta realidade ou criar alguns cursos em regime pós-laboral?! São apenas algumas interrogações para que se pondere esta realidade, relativamente recente, e que – perece-me – não tem merecido a melhor atenção dos órgãos de direção e gestão da Universidade, nem sequer, da sua Associação Académica. Por último, mas não menos importante, é preciso ponderar a reabertura da licenciatura em Serviço Social. Numa Região onde, segundo o Instituto Nacional de Estatística, no final de 2017, tínhamos uma taxa de pobreza de cerca de 27%, aliada ao envelhecimento cada vez maior da nossa população, não se percebe porque acabaram com aquela licenciatura na Universidade da Madeira quando é claro que precisamos, cada vez mais, de técnicos superiores de serviço social para integrarem equipas multidisciplinares nas áreas da segurança social e inclusão, da saúde e da educação. 30 anos depois, ficam as felicitações ao corpo docente da UMa, aos seus trabalhadores não-docentes e a todos os seus alunos pelo excelente trabalho realizado. Fica também este singelo alerta, aos seus responsáveis, para dois dos muitos aspetos em que podemos melhorar. Que saibamos trilhar os caminhos do futuro reforçando a excelência e respondendo às necessidades da nossa terra.

 

Publicado em dnoticias.pt