Um cantinho do céu a arder…
A Madeira é um cantinho do céu costumamos dizer. Nos últimos seis anos, sobre o nosso cantinho do céu abateram-se seis catástrofes: temporal em fevereiro e incêndios em agosto de 2010, incêndios em julho de 2012, em 2013 incêndios em agosto e temporal em novembro, no Porto da Cruz e em 2016 o incêndio de 9 de agosto.
Em cada ocorrência ficamos consternados, indignados, revoltados e depois voltamos à normalidade das nossas vidas, até à próxima catástrofe. Porque as condições que permitiram as catástrofes anteriores não se alteraram. O importante é identificar as causas profundas e atacá-las se não queremos ver a desgraça a repetir-se com tanta frequência.
A discussão acerca dos meios de combate tem sido apaixonada. Note-se bem que investir no combate é correr atrás do prejuízo quando o importante é evitar que o fogo se acenda e caso isso aconteça, evitar que se se propague e cause grande dano. O país tem investido 17 vezes mais em meios de combate do que em prevenção e o resultado está à vista, de ano para ano, em média, os fogos causam cada vez mais prejuízo.
Prevenir é ordenar o território urbano e florestal. Reflorestar com as espécies típicas da Laurissilva, mais resistentes ao avanço dos fogos e que dão maior estabilidade aos terrenos em caso de temporal. Combater as plantas invasoras – o eucalipto, a acácias a giesta.
Limpar o mato com recurso ao pastoreio ordenado, em zonas delimitadas. Quando havia gado na serra os incêndios eram menos frequentes. A pastorícia pode contribuir positivamente para a recuperação da floresta e deve ser permitida, com regras como atividade assessoria do desenvolvimento florestal.
Manter a paisagem é fundamental para um destino turístico. A floresta é a parte principal da nossa paisagem. Limpar e manter a floresta é um investimento, cria empregos, que tanta falta fazem na Madeira e é essencial para a retenção da humidade e captação de água, combate à erosão e ao deslizamento de terras.
O governo e o presidente em especial, esconde as suas responsabilidades, apontando o dedo aos incendiários. Como se esse facto, o de haver incendiários, o ilibasse. O grande responsável desta série de catástrofes é a governação PSD de há 40 anos, que sempre colocou (e coloca) interesses particulares acima do interesse de todos nós. Promoveu o desordenamento urbano e florestal, permitiu construir em zonas de alto risco, deixou a floresta ao abandono, não promoveu a limpeza da floresta, sacrificou sempre as regras do ordenamento aos interesses particulares.
Como monumentos à irresponsabilidade temos os milhões da Lei de Meios atirados para o novo cais e para as ribeiras da Ribeira Brava e do Funchal, quando ainda há desalojados de 20 de fevereiro por acudir. Obras inúteis, senda as últimas no Funchal já do atual governo, o que atesta como o PSD renovado, tirando as questões de estilo é igual ao PSD de sempre.
Paulino Ascenção