Quebrámos as barreiras e conseguimos

No dia 8 de Março comemora-se mais um aniversário do Dia Internacional da Mulher. Ao contrário do que se tenta dizer, temos todas as razões para esta comemoração.

Razões sobretudo ligadas à luta que tem sido desenvolvida a partir de 1857, onde as operárias têxteis dos EUA fizeram greve por melhores condições de trabalho, e foram reprimidas violentamente, tendo muitas delas perdido a vida.

A esta luta se deve este dia, que foi consagrado pela ONU em 1975, ano em que, pela primeira vez em Portugal, o mesmo foi comemorado, graças à liberdade conquistada com o 25 de Abril de 1974.

Desde então, a luta das mulheres por uma vida melhor e por direitos de cidadania não mais parou, e gostaria de deixar aqui alguns marcos que fazem parte da história e que precisam de ser relembrados, porque sabemos que a memória é curta, e a história esquece-se muito das mulheres, e do seu papel, nas conquistas sociais e políticas.

Durante a valorosa luta das sufragistas inglesas, que conseguiram o direito ao voto só em 1918, a primeira mulher que em Portugal votou foi Carolina Beatriz Ângelo, em 1911, argumentando que era viúva e chefe de família. Logo a seguir, os Republicanos mudaram a lei de forma que só os chefes de família homens pudessem votar.

Em 1931, só as mulheres com o ensino secundário ou superior, que eram poucas, podiam votar. Aos homens bastava saber ler e escrever. Só em 1975, depois da Liberdade de Abril é que todas as mulheres tiveram direito ao voto. E ainda há quem hoje pense que votar não interessa nada. Errado. No voto está a arma para mudar muita coisa a favor das mulheres. O que é preciso é saber usá-lo, para não colocar nos Parlamentos fascistas e machistas, como aquele que disse no PE que “as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são menos inteligentes e mais pequenas”.

Desde o 25 de Abril de 1974 que muita luta foi desenvolvida pelas mulheres que conquistaram sindicatos, que negociaram importantes conquistas, para mulheres trabalhadoras, que nunca tinham nada, como foi o caso das bordadeiras e operárias de bordados. Defenderam o direito ao planeamento familiar, à escola pública, creches e jardins de infância, reformas mais dignas e tratamento com dignidade das suas profissões. Conseguiram que a violência doméstica fosse considerada crime público, conquistaram o direito à despenalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito à adoção de crianças e às técnicas de procriação medicamente assistida.

Quebrámos muitas barreiras e fizemos honra a todas as mulheres que, de diferentes formas, lutaram para que hoje estejamos aqui mais fortes e com mais direitos. Nem tudo foi conseguido. Precisamos continuar a lutar para defender o que foi alcançado e o que falta alcançar porque não podemos dar nada por adquirido para sempre.

Artigo Publicado em dnoticias.pt