O Proscrito

O PSD-M anda a convocar as forças terrenas e celestes - aparentemente, neste jardim plantado no Atlântico, até Deus está cansado da democracia (só pode ser ironia divina!) - para chantagear os partidos da oposição e atemorizar o povo.
Qual a novidade de tudo isto? Apenas uma: o PSD-M perdeu a mão.

O PSD-M anda a convocar as forças terrenas e celestes - aparentemente, neste jardim plantado no Atlântico, até Deus está cansado da democracia (só pode ser ironia divina!) - para chantagear os partidos da oposição e atemorizar o povo.
Qual a novidade de tudo isto? Apenas uma: o PSD-M perdeu a mão.
Tudo o resto sempre fez parte do modus operandi de décadas de governação omnipresente, que criou uma sociedade psd-dependente e temente aos desígnios do céu. São os mistérios da fé e do orçamento!
Mas vamos aos factos em 10 passos:
1. Em Janeiro de 2024, uma mega operação policial constitui arguidos o Presidente do Governo Regional da Madeira, o Presidente da Câmara do Funchal e dois empresários. A gula é pecado capital.
O PSD-M perde o futuro e o norte. A imunidade não chega para todos.
2. Miguel Albuquerque diz que não se demite para logo dar o dito por não dito, e vai ao Representante da República  queixar-se do PAN, que o terá "obrigado" a demitir-se. Uma força da natureza que renega o presidente, mas não a governação.
A satisfação de ter uma mulher a liderar o projecto das Ginjas e do Teleférico, foi a agulha no palheiro do argumentário fátuo e salva-se ao menos a causa feminista. VIVA!
Para a natureza serve o verde dos cartazes.
3. O parceiro de coligação, que já tinha perdido tudo e sentia estar a perder o barco da relevância política, também puxa o tapete a Miguel Albuquerque e exige a sua demissão. Que se lixe o orçamento! É o salve-se quem puder, de uma encenação digna de um Razzie, que torna o presidente do melhor governo da Madeira - a luxúria é pecado capital - num proscrito.
4. Miguel Albuquerque volta ao  Representante da República para demitir-se uma segunda vez, pois a primeira não valeu. É estranho! Mas como diz o povo não há duas sem três, à terceira é de vez. O filme tem remake.
Apesar do lamento pacificador de Irineu, nada é mais importante que a imunidade e o capital político abstruso. Que se lixe o orçamento! (pode-se substituir por: madeirenses / famílias / empresas/ outros).
5. O PSD-M como defensor da renovação e da meritocracia reelege em congresso, à rasquinha, Miguel Albuquerque. Foi um alívio! (não só para ele). A autopreservação (de alguns) será erro crasso na continuidade do partido de governo? A soberba é pecado capital.
Satisfeito pelo mérito que lhe deram, Albuquerque resolveu juntar aos troféus de arguido e de proscrito o de saneador político.
Nisto dos prémios não pode ser só o Eduardo do Turismo a ficar com eles.
6. A campanha eleitoral isola Miguel Albuquerque, que é persona non grata entre os antigos e potenciais parceiros.
Na ante-estreia deste filme B, o Oscar vai para... o Zé Manel, mas só à terceira votação.
7. 53,4% dos eleitores vão às urnas escolher os representantes de todos no Parlamento Regional e, com isso, decidir um novo governo para a Madeira.
Os restantes 46,6% estão demasiado ocupados ou abs(dis)traídos. A preguiça é pecado capital.
O resultado, não sei se alguém reparou, mantém uma confortável maioria de direita no Parlamento, embora sem a maioria absoluta do PSD-M - será que o momento remax ainda tem créditos?! - e afasta a esquerda da Assembleia Regional.
É o papão da esquerda, amplamente cultivado por Jardim, a fazer das suas!
Sem os defensores dos direitos das pessoas, verdadeiros entraves ao desenvolvimento regional, tudo será bem mais facilitado. Já estava tudo farto de ouvir falar no preço da habitação e da conta do supermercado ou da luz, nos  salários e pensões de miséria, na pobreza ou na exploração de quem trabalha. As más notícias, não sendo de fonte oficial, só enganam tolos e não atraem investidores. A inveja é pecado capital. Agora sim! Será a prosperidade do empreendedorismo para todos. 
8. Convencido da sua magnificência e reabilitação política, bem como de que o fantasma de Janeiro passado estava exorcizado, o PSD-M, pela mão de Miguel Albuquerque, leva a Irineu Barreto uma raquítica maioria relativa de 36,89% - muito  longe vão os tempos áureos! - mas adornada de supostos compromissos.  Se são fictícios ou fidedignos, venha o diabo e escolha!
Nisto dos "supônhamos" e das omissões é sempre bom lembrar a sabedoria das mães que sabem que a mentira tem perna curta. E foi o que se viu!
A questão que se coloca agora é se a República, enganada pela personificação da Autonomia, irá voltar a escorregar na casca de banana?
9. O CH quis demostrar a sua relevância ao brincar com a eleição do Presidente da Assembleia Regional, mas isto de fazer bluff no programa de governo era muita areia para aquela camioneta. Acharam que seria uma jogada de mestre passar a batata quente, e o protagonismo já agora, para o JPP, que não se fez rogado e aproveitou para fazer um directo no telejornal. A avareza é pecado capital.
10. Ao sexto mês a viver em duodécimos, foi implantada a falsa profecia de que tudo estaria perdido sem orçamento aprovado. Foi a histeria de vários signatários, o representante do divino interveio - a ira é pecado capital. E até o PAN já voltou a  mudar de opinião, imagine-se!!
A remake está marcado para o solstício de Verão. A não perder!

Dina Letra