O ano de muitas decisões

Marcar dois atos eleitorais, com apenas um intervalo de 15 dias, não foi o mais correto

Por mais voltas que se dê à cabeça, este ano vai ficar marcado pelos três atos eleitorais que se aproximam. Tenho pena que o Presidente da República não percebesse que, marcar dois atos eleitorais, com apenas um intervalo de 15 dias, não foi o mais correto.

A 26 de Maio, temos as eleições para eleger Deputados/as para o Parlamento Europeu. Portugal elege, num círculo único nacional, 21 dos 700 deputados/as que irão compor o Parlamento Europeu. Somos um País pequeno, mas o nosso voto conta. No Parlamento Europeu, discutem-se muitos temas de interesse para a Humanidade e termos gente preparada para esse debate é fundamental. Elegermos pessoas da nossa confiança política e ideológica é muito importante, sobretudo numa Europa que enfrenta populismos perigosos para a democracia. Com o meu voto, eu quero contribuir para uma Europa de paz, de mais justiça social onde os direitos humanos sejam respeitados, onde o tráfico de seres humanos seja repudiado e eliminado, onde as políticas económicas sejam prioritárias na ajuda aos países que mais precisam e as Regiões Ultraperiféricas continuem a ser reconhecidas com apoios especiais e onde a igualdade de género e as medidas contra a violência façam parte das preocupações reais dos Países Europeus.

A 22 de Setembro, temos as eleições para eleger os/as deputados/as para o Parlamento Regional da Madeira, onde os partidos mais votados formarão o futuro Governo Regional. Nestas eleições o mais importante é tirar do poder o PSD que já por cá anda a governar há 42 anos. Chegou a altura dos/as que votam tomarem outras decisões. Pela experiência destes 42 anos, maiorias absolutas não interessam a ninguém porque são autoritárias e só fazem o que querem, sem terem que negociar com ninguém. Por isso, colocar os votos no mesmo partido não interessa à democracia. É muito bom que a esquerda se mobilize na sua diversidade, para convencer com as suas propostas o eleitorado a eleger deputados/as que os represente bem, na negociação que tem que ser feita posteriormente às eleições. Há diferenças significativas que devem ser claramente afirmadas, quer politicamente quer ideologicamente. As ideologias têm que fazer parte da campanha para que os campos fiquem bem demarcados. Os programas devem ser curtos e claros, para esclarecer no concreto o que cada um defende para a resolver os problemas e o futuro da Madeira e do seu povo.

A 6 de Outubro, temos as eleições para eleger deputados/as para a Assembleia da República. Mais uma vez, os partidos mais votados formarão o futuro governo do País. Nos últimos quatro anos, tem existido uma solução inovadora que conseguiu inverter o caminho que a direita encabeçada por Passos e Cristas tinha imposto ao País. Mesmo assim, o caminho tem muitos espinhos pela frente, esperando-se que o povo português não esqueça que, se não fosse a vontade e a negociação dos partidos à esquerda do PS, o país poderia estar muito pior. Há muito caminho a ser trilhado. Muita clarificação a ser feita, mas sempre com o objetivo de não deixar que Portugal volte atrás no caminho que iniciou há quatro anos.

Muita gente acha que a política não lhes diz nada, mas nestas eleições vai ser decidido o futuro dos próximos anos. Participar votando é não só um direito, como um dever cívico. E não custa nada. Excelente Ano Novo para todos/as.

 

Publicado em dnoticias.pt