Na política não pode valer tudo

Queremos que sejam criadas alternativas sem medos e com ética. Sem medo de chamar os “bois” pelos nomes

Tenho acompanhado, com muita atenção, o desenvolvimento das ações politicas dos principais partidos em campanha para os dois atos eleitorais que teremos brevemente. Para a Assembleia Regional a 22 de setembro, e, para a Assembleia da República a 6 de outubro.

Há coisas que continuam na mesma, passados que são mais de 40 anos de democracia. Alguns “iluminados” continuam a tratar o povo como se este fosse burro. Apregoam fazer o que durante mais de 40 anos não foram capazes. Dão pequenas esmolas aos mais necessitados, pensando, assim, vir a comprar o seu voto. “Tome 200 euros, vote em nós e, se formos governo, daremos o dobro para o ano”.

Apregoam programas de emprego que mantêm desempregados de longa duração ocupados, para servir de decoração e baixar os números nas estatísticas. Quando acabam os programas, voltam à sua condição de antigamente, sem qualquer meio de subsistência. É ver a expressão facial destas pessoas, nas ações de propaganda governamental onde são obrigadas a estar, para perceber o quanto o seu “uso” as incomoda e magoa.

Tudo vale para aparecer e confunde-se as funções do Estado com as campanhas demagógicas e com falta de ética. Sempre foi assim, dizem alguns. Lá porque sempre fizeram assim, não quer dizer que esteja correto. É necessário e urgente alternativas a este comportamento manipulador.

O que me custa é, por vezes, verificar que alguns que se dizem ser oposição a este estado de coisas, fazerem coisas semelhantes. Aconselho, vivamente, que não percorram esse caminho. Queremos que sejam criadas alternativas sem medos e com ética. Sem medo de chamar os “bois” pelos nomes. Sem medo de apontar o dedo, atingindo as feridas. Precisamos urgentemente de varrer uma governação velha que alimentou os donos disto tudo na sua sombra, onde comeram todos à mesa do orçamento. Não é com meias tintas, com sorrisos e falinhas mansas que vamos lá. É com firmeza e propostas alternativas concretas. As Pessoas que vão votar precisam de saber o que está em causa e decidir em consciência o que querem para os próximos quatro anos.

Também não sou favorável que, em nome de não se atacar ninguém, tolera-se tudo. António Costa ao atacar desavergonhadamente o BE, que lhe deu cobertura parlamentar nos últimos quatro anos, sob condições mais favoráveis para as Pessoas, mostrou ingratidão e pouca preocupação em relação aos acordos que o seu partido tem com o BE. Para ele, é mais “elegante” atacar o Bloco do que o PSD. Tudo isto porque o Bloco está numa linha de afirmação e de subida que ele vê como ameaça a uma maioria absoluta. Na política não pode valer tudo!

Espero que essa da elegância ao PSD não faça escola nas eleições regionais porque, ou se explica o que está em causa, ou pode correr-se o risco de que haja quem prefira que tudo continue na mesma. Perder um momento histórico para uma mudança política na Região, onde os verdadeiros opositores a este estado de coisas possam mostrar o que valem, com propostas, coerência e ousadia, está ao alcance já no próximo dia 22 de setembro. Há que romper o cerco de mais de 40 anos. É tempo de Fazer Acontecer uma mudança real na Madeira.

(publicado no Diario de Notícias da Madeira a 1 de setembro)