Eleições Europeias 2024

Pela primeira vez, fiz parte da lista de candidatas e candidatos do Bloco de Esquerda às eleições europeias de 2024, representando a Região Autónoma da Madeira.

Ao longo de duas semanas de campanha eleitoral, andámos por bairros sociais, mercados e outros locais onde havia sempre gente a quem distribuir o manifesto do Bloco de Esquerda.
Aquando dos contactos que fazia junto das pessoas, explicando a importância de votar para eleger deputadas e deputados para o parlamento europeu, era comum ouvir muitas vezes frases como: "Outra vez eleições?"; "Eu não discuto política."; "Eu não percebo política."; "São todos iguais."; "Isto tem que mudar." ou "O governo tem que mudar.".
Todas estas questões que eram colocadas a mim e aos camaradas que me acompanhavam, eram logo ditas de início, em jeito de autodefesa mas, apesar disso, aceitavam dialogar.

As frases que aqui reproduzo são uma consequência de políticas medíocres, praticadas nesta região durante 48 anos apenas por um único partido, PPD/PSD, que sempre governou como quis, impondo com as suas esmagadoras maiorias no parlamento regional, atitudes compressoras, não aceitando toda e qualquer proposta vinda de outros partidos e sendo o principal responsável pelo empobrecimento da população madeirense, negligenciando um dos sectores fundamentais numa sociedade: a educação.

Ridicularizar e diminuir pessoas e partidos de oposição foi o modus operandi do PPD/PSD e do seu presidente Alberto João Jardim. É o responsável pela grande taxa de abstencionismo dos cidadãos e pelo ressurgimento da extrema-direita que há muito tempo se acomodava no seu seio.
Mas, hoje o que se verifica é uma perda, ainda muito pequena, do poder absoluto deste PPD/PSD de Miguel Albuquerque que agora já necessita do CDS/PP, do PAN, da IL e do Chega para governar.

Quanto ao Bloco de Esquerda na Madeira, podemos dizer que temos resistido sempre às dificuldades de prática política na Região. Perdeu-se a representação parlamentar, mas contamos com o esforço abnegado dos militantes no contacto directo com os trabalhadores e o povo, para recuperarmos uma posição de maior relevo na sociedade madeirense.

Nestas eleições europeias, o Bloco de Esquerda elegeu Catarina Martins, e eu pude constatar que o contacto pessoal e a fala espontânea são muito poderosos e gratificantes porque permitem, por um lado, ouvirmos histórias de vidas difíceis, sofridas, magoadas e, ao mesmo tempo, vamos construindo a nossa própria vida de militância activa na luta pelo direito a uma vida boa para toda a gente.

Mónica Pestana