A autonomia não é para criar milionários, é para dar vida digna a todos.
A intervenção dePaulino Ascenção no almoço comício de 14 de setembro:
Na Madeira não há família sem parentes emigrados. Na geração da minha mãe fugiam da guerra e da miséria. Na minha geração, a boa parte dos meus amigos de escola emigraram. A geração dos meus filhos continua a emigrar, pois aqui não encontram futuro, não há trabalho e o que há não permite deixar a casa dos pais.
Na geração da minha mãe os senhorios, e desde sempre, os donos da terra ficavam com metade de tudo o que se produzia.
Hoje temos outros senhorios: Tudo o que consumimos na Madeira paga um tributo ao grupo Sousa, o senhorio do porto; Quando circulamos na vias rápidas, pagamos um tributo à AFA e Tecnovia; Se vamos inspecionar os automóveis, pagamos um tributo à família Henriques; A Zona Franca, já rendeu mais 50 milhões ao sr Pestana – quanto a criar empregos de qualidade e trazer novas atividades zero. Pelo meio disso tudo ando o todo-poderoso Jaime Ramos
Esta a realidade da Madeira um punhado de famílias tem tudo controlado. Do outro lado da moeda temos os mais altos níveis de pobreza do país, os mais baixos rendimentos, as maiores desigualdades.
As fortunas destes grupos poderosos deve-se apenas ao favorecimento do Governo Regional.
A concessão dos portos, sem contrapartidas para a Região, há 27 anos. A concessão da ligação ao Porto Santo. Um enorme poder e tem feito gato-sapato dos madeirenses e porto-santenses. Como é que um contentor do continente para a Madeira custa muito mais que um contentor para a China? Como é que uma carrinha comercial levada no ferry do continente para cá custa sete vezes mais que no sentido contrário? Temos o mar inclinado?
As concessões das vias rápidas geram 80 milhões de lucros por ano. Em quatro quatro anos dava para o novo hospital. 80 milhões que o governo poupava se fizesse diretamente a manutenção das vias rápidas.
Estas fortunas são as grandes conquistas da Autonomia do PSD, de Jardim e Albuquerque. Quando diz que defende a Madeira e a Autonomia é mentira, defende só os negócios destes privilegiados.
A Madeira está a encolher, menos 1.000 alunos por ano nos oito anteriores e menos 3.600 no próximo ano letivo: esta é a maior prova do falhanço do PSD.
É esta realidade que temos de mudar, há riqueza que chega para todos e não podemos aceitar que fique toda na mão de alguns e a maioria fique condenada à miséria e a emigrar.
A autonomia não é para criar milionários, é para garantir uma vida digna para todos - A Madeira para todos.
E Bloco é o único partido que aponta os problemas fundamentais e indica qual é a mudança necessária.
O CDS é o partido dos senhorios, dos antigos e dos novos. Reconhece a pobreza, as desigualdades, que metade das famílias na Madeira nem ganham para pagar o IRS e o que propõe? Baixar o IRS, o que só vai fazer aumentar as desigualdades. O CDS está pronto para dar a mão ao PSD para continuar tudo na mesma.
O PS fala em mudar, mas não apresenta uma única proposta concreta que corrija estas situações graves que vos apontei. Porque não quer o PS a gestão pública do Porto do Caniçal e da Zona Franca, e acabar com as concessões das vias rápidas como propõe o Bloco?
O PS diz que não quer dividir os madeirenses, mas perante estas injustiças escandalosas vamos fingir que elas não existem (só para não criar divisões), ou vamos procurar corrigir estes privilégios absurdos e incomodar os seus beneficiários? A neutralidade perante uma injustiça é uma cobardia. Não corrigir as graves injustiças criadas por 40 anos de governos PSD, para evitar "dividir os madeirenses", é uma grande cobardia, é não querer mudar.
Por isso o voto no Bloco é a garantia de mudança real.
Governar é fazer escolhas, a política é fazer escolhas e em cada decisão há uns que vão ganhar e outros vão perder. Como é possível não tomar partido num conflito entre grupo Sousa e os estivadores? Como ficar neutro perante a reivindicação de melhores salários e de segurança no emprego das trabalhadoras da Serlima ou os da hotelaria? O PSD sempre protegeu os patrões, o lado mais forte.
A coragem para mudar é a coragem para tomar partido pelo lado mais frágil, pelos trabalhadores. Não criar divisões é não é não querer mudar.
Mais estranho são os elogios a jardim, Antonio Costa veio cá falar em orfandade de Jardim, Paulo Cafofo elogia a sua personalidade. Jardim, foi admirador da ditadura elogiou a guerra colonial (depois descobriu colonialismo na Madeira) enxovalhou adversários e jornalistas – as bombas da Flama só pararam quando Jardim chegou a presidente – perseguiu na vida profissional muitos socialistas, todos que lhe fizeram frente, insultou, desrespeitou as instituições (a Assembleia Regional era para ele uma casa de loucos - ele lá sabia, pois ele é quem escolhia a maior parte dos membros da casa).
Mas a questão a esclarecer é se o PS quer construir uma alternativa ou quer a continuidade das políticas de Jardim? Esclarecçam-nos
Digo daqui aos socialistas e democratas perseguidos por Jardim que os respeitamos, que temos memória e que podem confiar o seu voto no Bloco de Esquerda para continuarmos a luta pela Liberdade, pela Democracia e pela Justiça Social.
A 22 de setembro está nas nossas mãos construir a Madeira para todos. Onde os nossos filhos não tenham de emigrar, onde tenham oportunidades de emprego, ter filhos e constituir família, com serviços de saúde e escola públicos gratuítos para todos e com bens essenciais (como a habitação e os transportes) a preços justos e acessíveis.
Vamos votar no Bloco de Esquerda, vamos construir a Madeira para todos.