Há os que lutam toda a vida, estes são os imprescindíveis

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
(Bertold Brecht)
Partiu um homem extraordinário. João Semedo bateu-se contra a ditadura como militante comunista, ainda estudante em Lisboa o que lhe valeu duas semanas de prisão em Caxias.
Depois do 25 de abril envolveu-se em programas de alfabetização de adultos, foi médico, diretor de hospital, exerceu num centro de abrigo para toxicodependentes e promoveu inovações nos tratamentos da Sida e hepatites. Dedicou-se ainda à cooperativa cultural a Árvore, ao FITEI e foi fundador do Sindicato dos Médicos do Norte.
Após a queda do muro de Berlim bate-se pela renovação do PCP, partido que acabou por abandonar. Aproxima-se do BE e tornou-se líder conjuntamente com a Catarina Martins.
Perdeu as cordas vocais e a voz, reaprendeu a falar e nunca deixou de lutar. Teve participação emotiva nas presidenciais de 2016 em apoio da Marisa Matias, nas últimas autárquicas foi candidato à Assembleia Municipal do Porto, foi um dos principais rostos mais recentemente na causa da regulação da eutanásia e no movimento "Salvar o Serviço Nacional de Saúde" em conjunto com António Arnaut.
Deixa uma marca pessoal, de determinação e empenho nas causas em que se envolvia, nas quais acreditava e contagiava de entusiasmo e energia quem com ele partilhava as batalhas. Teve a lucidez e a humildade de saber sair de cena quando isso lhe pareceu mais vantajoso para o coletivo e soube encontrar novas formas de intervenção em favor das causas que sempre apoiou.