Ferry: cumprida a promessa de servir os lóbis
1 – O ferry faz a sua viagem inaugural hoje com 16% dos lugares de ocupados, cumprindo assim o intuito de demonstrar que a ligação não é viável e que não há passageiros interessados, num processo conduzido desde o inicio com má-fé pelo Governo Regional para proteger os interesses instalados e não para servir a população madeirense.
2 – O concurso foi lançado com condições restritivas no transporte de carga e num contexto de elevadas taxas portuárias para desincentivar qualquer potencial interessado a apresentar proposta e assim proteger o operador que domina o transporte de carga contentorizada entre a Madeira e o continente. A carga é fundamental para a viabilidade do ferry pois não é afetada pela sazonalidade. Depois de conhecido o vencedor desejado do concurso, as taxas portuárias foram reduzidas pelo Governo Regional.
3 – Vários aspetos revelam a absoluta falta de interesse nesta operação por parte do armador e do Governo Regional, que se somam às condições incluídas no caderno de encargos para afastar potenciais interessados:
a) Os preços proibitivos no transporte de carga, em especial no sentido Portimão-Funchal em que chega a ser sete vezes mais caro que o mesmo item trajeto inverso;
b) O anuncio tardio da operação e do inicio de venda de bilhetes;
c) A impossibilidade absurda de compra de um bilhete entre Portimão e as Canárias e a obrigação dos passageiros em trânsito desembarcarem no Funchal e fazerem novo ‘check-in’ para prosseguirem viagem
d) A falta de campanhas de promoção / informação junto do publico e dos agentes de viagens.
4 – Não estamos perante o cumprimento de uma promessa feita ao povo de reintroduzir a ligação marítima de passageiros, mas sim o cumprimento de uma promessa feita ao ‘dono da Madeira’ de proteger os seus interesses.