Temos Orçamento

O Orçamento Regional foi aprovado com 25 milhões para o Ensino Privado e outras benesses aos de sempre. Os jardinistas devem estar mais animados. “Jardinismo puro e duro”! Estavam à espera do quê?

O homem chegou, fala grosso, passou à frente do Primeiro, mandou-o visitar os velhinhos e fez contas de somar para uns e contas de sumir para a maioria. “Este é um bom orçamento” Para alguns, mas não para a maioria, digo eu.

“Se não sabem quanto custa a irresponsabilidade...” Ora se sabemos! Então a dívida escondida não foi uma irresponsabilidade! E as Sociedades de Desenvolvimento (de esbanjamento) que não desenvolveram nada? Ou seja, decerto “desenvolveram” algo para alguns. E o que havemos de fazer? Eu até sei o que deveria ser feito, mas... A verdade é que quando as coisas dão para o torto “O corpo é que paga”, como cantou António Variações.

Parece que estamos a ver um filme do fim para o princípio, sobre aquilo que aconteceu algures no tempo e que em 2015 foi prometido que não voltaria. Mas voltou. Eles, os tais que só pensam nos lucros, não querem ficar parados a “verem a banda passar”. E deram o salto, chegaram~se ao poder e vamos a isto enquanto o PSD está na Quinta Vigia. Se não conseguimos retomar a CMF vamos para o Governo Regional que aí ainda é possível mexer os cordelinhos. 2019 está chegar e não podemos perder tempo.

Enquanto isto, grande parte dos que se dizem da oposição anda entretida na via pública e nos bastidores com guerrinhas menores, que não interessam nem ao Menino Jesus, apenas para satisfazerem os seus egos e impedir que protagonistas vários lhes barram as vistas.

E cresce o alcoolismo, com crianças em risco, jovens a entrarem cada vez mais cedo no vício, aumentam os acidentes de viação, entre outras desgraças. E onde está o combate a esta “praga” que destrói famílias e enche o hospital de acidentados e doentes com cirrose?

Onde está o combate à violência doméstica? Em 2017 foram assassinadas 5 mulheres na Madeira e sabemos que mais 4 teriam sido assassinadas e que ficaram no segredo dos deuses.

O caso “Raríssimas” enche páginas de jornais e telejornais, mas teria sido apenas aquela mulher a responsável? Eu não sei quem se serviu do dinheiro daquela instituição indevidamente. Acredito que a Presidente terá as suas culpas, pelo que foi dito e pela maneira arrogante que a dita senhora respondeu. No entanto, cabe à justiça averiguar e agir em conformidade.

Contudo, no tempo do governo de Passos Coelho e Paulo Portas muitos trabalhadores/as da Segurança Social foram despedidos e parece-me que a justificação era “emagrecer” o Estado. Pois! A seguir entrega-se serviços do Estado a instituições particulares que funcionam com dinheiros do Estado. Agora gritam que aqueles doentes não podem ser descuidados. Então não é o Estado, em 1º lugar, que deve cuidar dos doentes, sobretudo tratando-se de pacientes com doenças raras e muito difíceis de tratar?

Há quem dê o ênfase na economia social, que por vezes talvez funcione, mas noutros, como no caso “Raríssimas”, só serve para delegar competências do Estado em instituições particulares, ou seja, aumentam os intermediiários e torna-se mais difícil fazer chegar os benefícios a quem mais precisa deles. Todos nós sabemos que, frente ao dinheiro, é muito difícil impôr a moralização.

Até o Santo Padre, que julgávamos todo poderoso, apelou ao poder do Vaticano para acabar com a precarização do trabalho naquele Estado, quando deveria ser ele a impôr a sua vontade? E onde está a moral que deveria existir no Estado do Vaticano?

Conclusão: o poder do dinheiro impõe-se e nós estamos escravizados, submetidos, com a canga no toutiço e a maioria ainda não enxergou que deve dar as mãos e criar força suficiente para quebrar amarras e impôr um Estado de Direito que nos livre da escravatura.

(publicado originalmente em dnoticias.pt)