Madeira: Albuquerque cria Centro de Negócios Bitcoin, Bloco critica

O Bloco diz que “a Madeira não precisa de Bitcoin” e que “os negócios de ativos cripto estão a ser investigados internacionalmente por fraude e auxílio ao crime económico e têm deixado um rasto de lesados em todo o mundo”.

Na passada sexta-feira, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou num evento em Amesterdão a criação de um Centro de Negócios Bitcoin na Região. Justificou esta decisão com a aposta em “empresas tecnológicas, alta tecnologia e inteligência artificial”, salientando que “tudo o que está conectado com a Bitcoin é bem-vindo na Madeira”, pode ler-se no Diário de Notícias da Madeira.

O avanço para economia especulativa da “bitcoin” é apoiado numa organização que se apresenta como “sem fins lucrativos”, denominada como Associação F.R.E.E. Madeira e que “funciona como conselho consultivo do governo madeirense, bem como de várias outras instituições da ilha, públicas e privadas”.

Também a sociedade de advogados “Rebelo de Sousa & Advogados Associados”, do irmão do presidente da República, foi contratada em maio de 2022 pela Secretaria Regional da Economia para a “implementação pela Região Autónoma da Madeira de moeda eletrónica”. Um serviço com prazo de 450 dias pela qual esta receberá 100 mil euros mais IVA.

O Bloco de Esquerda respondeu a este anúncio com um comunicado a dizer que “a Madeira não precisa de Bitcoin” no qual escreve que “enquanto as populações da Calheta, Câmara de Lobos e Porto Moniz sofriam com um dos maiores incêndios a assolar a região, Miguel Albuquerque anunciava em Amesterdão a criação de um Centro de Negócios Bitcoin na Região”.

Para a estrutura regional do partido, “este anúncio é errado e não apenas pelo dia em que é feito. É errado, porque os maiores escândalos financeiros dos últimos tempos estão todos associados a bitcoin e demais criptomoedas”.

Assim, o governo de Miguel Albuquerque “ao invés de investir num modelo de economia produtiva para a Região, aposta mais uma vez em esquemas e negociatas”. Recorda-se que “os negócios de ativos cripto estão a ser investigados internacionalmente por fraude e auxílio ao crime económico e têm deixado um rasto de lesados em todo o mundo” e que “não por acaso, o Banco de Portugal não autorizou a instalação de qualquer plataforma cripto no país”. Sendo que Madeira “conhece bem o drama dos lesados do BES na Venezuela, deve recusar albergar este tipo de atividade”.

Salienta-se ainda que, no mesmo dia do anúncio de Miguel Albuquerque, “o conceituado The Wall Street Journal denunciava que o comércio em criptomoedas serve comprovadamente os interesses de gangues criminosos, milionários russos e de um grupo terrorista associado ao Hamas”, defendendo-se que “a Região Autónoma da Madeira não deve ficar associada ao financiamento do crime, da guerra e do terrorismo”.