Lançado novo livro de Conceição Pereira

O renovado Espaço Paulo Martins foi pequeno para acolher tanta gente que quis assistir ao lançamento do mais recente livro de Maria Conceição Pereira, "Caminhando pela Vida". Um relato, na primeira pessoa, das vivências de percurso cheio de ativismos e Lutas. Conceição Pereira é Aderente e Ativista do BE, dirigente da UMAR, ex-Deputada à Assembleia Legislativa da Madeira, antiga dirigente e fundadora do Sindicato dos Professores da Madeira além de feminista militante.

‘Caminhando Pela Vida’ foi o título escolhido por Conceição Pereira para o registo de memórias e vivências da sua vida, uma obra dividida em quatro capítulos, onde recorda acontecimentos, alguns deles que ainda não estavam escritos. Foi dada ontem a conhecer no lançamento oficial no Espaço Paulo Martins pelo professor universitário, investigador e historiador Nelson Veríssimo.

Da infância, passando pela juventude e pela emigração à actividade política e sindical que a ocupou ao longo de vários anos, a ex-deputada e activista deixa nesta edição de autor um testemunho na primeira pessoa. “Fui registando aquilo que achei que tinha interesse. (...) É o meu olhar e são as minhas vivências”, disse umas horas antes do lançamento.

No primeiro capítulo foca-se na infância e a juventude enquanto viveu no Seixal e pelo primeiro emprego. Lá registou o que acontecia à sua volta, as festas, as pessoas, as memórias da guerra.

O segundo é o seu olhar sobre a cidade quando se mudou para o Funchal. “Vi muita pobreza, analfabetismo, repressão. Porque também tive a sorte de entrar num mundo que me deu oportunidade de reflectir sobre essas questões”, reconheceu.

Os três anos que passou em França ocupam o terceiro capítulo, uma fase dura da sua vida. Emigrou em 1972, veio de férias em 1973. Em 1974, o 25 de Abril apanhou-a lá. E regressou em 1975. O quarto capítulo, resume, é “cantar a liberdade”. “São todas as lutas, as minhas vivências no sindicalismo, na política, na UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta”. Desde 1975 até agora a sua vida está muito interligada com a actividade partidária e sindical.

Conceição Pereira confessou que há muito tempo que tinha vontade de pôr em livro sobretudo acontecimentos de antes do 25 de Abril. “Sobretudo os problemas da repressão, da Pide e outros que estão lá relatados, as eleições de 69...”. Mas tinha pouco tempo livre para se dedicar às memórias.

“Não estava na minha perspectiva falar na primeira pessoa, falar de mim para as outras pessoas, era um bocado difícil”, confessou. Quem a incentivou primeiro a deixar o testemunho foi Luísa Cortesão. Não foi a única. Os últimos anos de trabalho foram na Escola dos Louros e lá também aconselharam no mesmo sentido. “As pessoas começavam a passar-me responsabilidades. Se era eu que tinha que escrever sobre aqueles assuntos, não podia mandar para ninguém.”

Em 2013, o projecto ‘Memória e Feminismos’ da UMAR foi um primeiro passo, nessa altura deu o seu testemunho, horas de conversa reduzidas a dez páginas. Foi o ponto de partida. Dedicou-se ao livro, interrompido no ano seguinte para criar uma obra para Prémio Maria Aurora.

Foi sobretudo no ano passado que fez o resto, consultou jornais e arquivos para ajudar a documentar as memórias que ainda hoje guarda e partilha.

O livro custa 10 euros, estará disponível no Espaço Paulo Martins, na Rua dos Tanoeiros, n.º 45, e também na UMAR, na Avenida Calouste Gulbenkian, Edifício 2000, 9.º andar (auto-silo).

(Texto: Paula Henriques; DN-Madeira)