Jovens do Bloco de Esquerda Madeira reagem às declarações do presidente da AAUMa.

A Comissão Coordenadora de Jovens do BE Madeira, entende que o atual modelo de financiamento do Ensino Superior é desadequado e não serve o estudante, não é um garante de um Ensino Superior Público inclusivo, não promovendo o princípio da universalidade do ensino e o espírito da Constituição da República Portuguesa.

Comunicado da Comissão Coordenadora de Jovens do Bloco de Esquerda Madeira

A Comissão Coordenadora de Jovens do Bloco de Esquerda - Madeira vem estranhar e discordar das declarações proferidas por Carlos Abreu, o recente eleito presidente da Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa), que em declarações à RTP Madeira, durante este fim de semana, recusou o fim das propinas e simultaneamente requer mais apoios. O responsável desta Associação de Estudantes, reconheceu que a UMa fez um estudo técnico, onde participaram 350 alunos desta instituição em que a sua esmagadora maioria reconhece ter grandes dificuldades económicas para conseguir prosseguir os seus estudos e mais de metade terá admitido mesmo desistir por este motivo. Estranhamos, pois, que perante esta realidade gritante na nossa Região, se defenda a medida da aplicação de propinas e o atual modelo, onde, nesta instituição é fixada a propina máxima.

Com tais declarações, o referido presidente não estará, certamente, a representar todo o universo de alunos deste estabelecimento de ensino superior. Uma vez eleito à cerca de um mês, queremos acreditar que o mesmo profere tal reação pelo facto de ainda não sentir o pulso e as dificuldades reais sentidas por muitos dos alunos da Universidade da Madeira, os quais este deve honrosamente representar.

A Comissão Coordenadora de Jovens do BE Madeira, entende que o atual modelo de financiamento do Ensino Superior é desadequado e não serve o estudante, não é um garante de um Ensino Superior Público inclusivo, não promovendo o princípio da universalidade do ensino e o espírito da Constituição da República Portuguesa.

Sublinhe-se que Portugal é dos países onde o financiamento público direto é dos mais baixos da Europa (54%), ficando bastante abaixo da média da União Europeia, (78,1%), provocando uma sobrecarga excessiva ao orçamento das famílias.

Embora nos pautemos por mais e justas medidas de apoio social, bem como incentivos para os alunos com dificuldades económicas e suas famílias, não conseguimos compreender tais afirmações. Todos conhecemos a realidade que assola a nossa Região, onde a ajuda chega a cada vez menos estudantes com carências económicas.

Perante o cenário de forte crise económica em que vivemos atualmente, somos confrontados com um número elevado de alunos, os quais nem espelham a realidade das estatísticas, que abandonam a possibilidade de tentar ingressar no Ensino Superior na nossa Região.

Reconhecendo a existência de desinvestimento nesta área da educação, por parte dos sucessivos governos anteriores, valorizamos a importância da medida positiva adotada pela Assembleia da República para travar os aumentos das propinas, mas a mesma é em nosso entender insuficiente. Teremos de defender, um modelo de financiamento, que não penalize as instituições de ensino e que alargue as possibilidades de acesso ao ensino superior a todos que o queiram fazer.

Por fim, é nosso entender, que a comunidade educativa e os agentes políticos, se encontram cada vez mais confrontados com a urgência e necessidade de fazer um amplo e sério debate sobre o Pagamento de Propinas, a Gratuitidade do Ensino Público e Politicas de Educação para o Ensino Superior na Região Autónoma da Madeira.