Ferry: caiu a máscara ao PSD

O PSD enganou bem os madeirenses com a questão do ferry, prometeu trazer de volta a ligação marítima de passageiros, lançou concursos internacionais, mas tudo não passou de uma encenação para no fim ficar tudo na mesma: deixar a Madeira refém do monopólio do grupo que controla o transporte de mercadorias e os portos ( os mais caros da Europa e sem pagar contrapartidas).

O ferry operou durante quatro anos sem encargos para o orçamento regional, mas o sucesso inicial da operação beliscava os interesses instalados e então foram criados obstáculos artificiais que levaram à saída da Naviera Armas da Madeira no início de 2012: as taxas portuárias subiram até o valor de um milhão por ano; e o transporte de carga sofreu restrições absurdas. Essas restrições tornaram o custo da operação incomportável e, cinicamente, vieram depois os mandantes da criação dos obstáculos alegar que o ferry não é viável.

A partir de 2015 a farsa conheceu novos atos: foram desencadeados processos de consulta e um concurso internacional, para mostrar que não havia interessados, pois as condições em termos de taxas portuárias e de restrições ao transporte de carga mantinham-se as mesmas que levaram à saída do Armas. O Governo Regional só resolveu isentar a tarifa TUP carga após estar adjudicado ao grupo Sousa o contrato para 12 viagens por 3 milhões ao ano e por três anos.

O PSD mente deliberadamente ao longo do tempo. Mentiu quando prometeu mudar a concessão dos portos “doa a quem doer” e mentiu ao prometer o ferry. Nunca teve intenção de cumprir e o facto é que continua tudo na mesma. O maior partido da oposição está igualmente refém dos mesmos interesses, pois a alternativa que propôs foi multiplicar por quatro as ajudas da região ao grupo monopolista, em vez da defesa dos interesses da maioria da população quer ser o melhor intérprete dos interesses dos poderosos.

A Madeira e os Açores continuam a ser as únicas regiões europeias sem ligações marítimas de passageiros regulares ao continente - até as Ilhas Faroé, com menos de 50.000 habitantes, têm ferry todo o ano à Dinamarca e sem ajudas do Estado. 
A política regional é marcada por amplos consensos de submissão aos interesses privados - quem detém o verdadeiro poder. Isso é evidente na questão do ferry, mas também no CINM, ou nas concessões rodoviárias. O debate político é dominado pelas questões acessórias ou pessoais.