"É imperativo procurar diminuir a dependência agrícola face ao exterior"

Paulino Ascenção, aproveitou, a manhã de domingo para visitar a Feira do Gado do Porto Moniz e realçar a necessidade de um maior apoio à produção pecuária e agrícola regional, pois considera que "a Madeira está completamente dependente do exterior"

"A Madeira é uma região insular, dependente dos transportes marítimos e aéreos para se abastecer e importa mais de 90% dos alimentos necessários à sua população. No caso de uma crise que interrompa o normal fornecimento de combustíveis, em pouco tempo morremos à fome", alertou o dirigente bloquista. Segundo o mesmo porta-voz partidário, "temos vivido tempos de ilusão, de um novo riquismo em que se abandonam as actividades produtivas, em particular a agricultura e a pesca, essenciais à nossa sobrevivência e a construção é apresentada como bastante para o nosso desenvolvimento". Ora, Paulino Ascenção entende que "a Madeira nunca será auto-suficiente na produção alimentar", mas diz que "é imperativo procurar diminuir a dependência face ao exterior". Lembra que a agricultura vale igualmente pela preservação da paisagem humanizada e dos saberes e tradições que fazem a nossa identidade e que o turismo procura o que é único e distintivo. A esse respeito, os saberes e usos associados à actividade agrícola e a paisagem são os principais atractivos para quem nos visita, por isso também devem ser salvaguardados. "É necessário pagar um rendimento a quem se dedica à agricultura que pague esses serviços que presta à comunidade, pelo cultivo dos campos, pela manutenção de trilhos e levadas, pelo controlo de espécies infestantes que são altamente propícias à propagação dos fogos, para combater o abandono e desertificação das zonas rurais", declarou o líder do BE na visita ao Porto Moniz.
O dirigente reconheceu que as regras europeias da política agrícola comum seguem um princípio basilar de salvaguardar a concorrência, proíbem as ajudas públicas à produção na medida em que possam criar distorções à concorrência. Só que "a Madeira não tem capacidade de pôr em causa a concorrência no espaço europeu" já que toda a sua produção será absorvida pelo consumo interno. Daí concluir que "uma política de forte apoio a atividade agrícola na Madeira enquanto região ultraperiférica é compatível com as regras europeias".