Bloco avança com proposta para limitar salário de gestores públicos
O Bloco de Esquerda vai aproveitar a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para apresentar uma iniciativa legislativa para limitar os salários dos gestores públicos ao ordenado do primeiro-ministro. A medida foi anunciada este sábado, por Pedro Filipe Soares, no encerramento das jornadas parlamentares do Bloco em Bragança e Vila Real, e promete aumentar a tensão entre os dois parceiros parlamentares.
“Propomos que os salários dos gestores público não sejam superiores aos salários do primeiro-ministro, o cargo executivo de maior responsabilidade do país. Para isso, revogaremos quer o decreto-lei do Governo que exceciona a Caixa Geral de Depósitos no estatuto de gestor público, como eliminaremos as exceções criadas por PSD e CDS que são a origem de todo este abuso. Temos de garantir a decência e a justiça. Essa é a luta que o Bloco de Esquerda não deixa para amanhã”, garantiu o líder parlamentar do Bloco de Esquerda.
O bloquista acredita que, neste momento, são poucos os portugueses que ainda não perceberam a “vergonha nacional” que envolve o novo conselho de administração da Caixa. Não só no que diz respeito ao salário “milionário” do novo presidente do banco público, mas também à recusa de António Domingues em entregar a declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional.
“Basta ler a lei para perceber que não há qualquer tipo de exceção a esta obrigação. [António Domingues] tem até amanhã para o fazer. Se não o fizer terá um período de 30 dias para colmatar a sua falha. Não há qualquer administrador que esteja acima da lei.”
Traçado o cenário, a pressão está agora do lado socialista. “Parece-nos claro que qualquer um que não perceba que há uma insatisfação geral no país face à forma como estão a ser tratados os salários dos gestores então não está a perceber o sentimento do país e o quão inaceitável é esta situação”, começou por dizer Pedro Filipe Soares. “Daqui a semanas poderemos saber finalmente se PS, PSD e CDS já perceberam que estão desfasados do país ou se insistirão em algo que é incompreensível para a larga maioria da população”.