Alterações climáticas e ordenamento do litoral na agenda de campanha do Bloco
As alterações climáticas estão na ordem do dia e a Madeira já tem sido afetada por fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes e com consequências graves, como as fortes chuvas dos últimos anos. E no que respeita ao litoral, as previsões do aumento de subida do nível médio das águas do mar tornam mais patentes os erros cometidos pelas políticas seguidas até agora.
"Passaram-se décadas até chegarmos a ter este ano a discussão pública do ordenamento do litoral da Madeira", afirmou Hélder Spínola, mandatário da candidatura do Bloco às eleições regionais de setembro. O ex-deputado e antigo presidente da Quercus acompanhou os candidatos Roberto Almada e Dina Letra num roteiro pelo litoral do Funchal, passando pela foz das ribeiras e a Pontinha. Ao longo do caminho, não faltaram as críticas aos projetos realizados na ausência de um plano de ordenamento, com o litoral da cidade a ser ao longo dos anos ocupado, artificializado e vedado à fruição da população.
"Analisámos opções que foram feitas no passado e que colocam graves problemas no presente", prosseguiu Hélder Spínola, sublinhando que "a subida do nível do mar é um aspeto a considerar quando tratamos do litoral" e criticando as barreiras criadas ao usufruto dos cidadãos junto a costa. O mandatário da candidatura defendeu uma "visão diferente para o futuro, que tenha em conta as transformações que estão a acontecer no planeta e também se fazem sentir na Madeira" e que o planeamento do litoral seja feito com uma visão a médio e longo prazo, de forma a "evitar investimentos que depois fiquem em causa no futuro".
"O Roberto Almada e a Dina Letra não deixam de pôr o dedo na ferida"
Pedro Filipe Soares também assinalou nesta visita à orla costeira que ela "é apresentada como uma barreira para que as pessoas não possam aceder ao mar, o que é quase paradoxal numa ilha". E sublinhou que "hoje sabemos que estes investimentos são errados e no futuro retirarão orçamento a coisas mais essenciais".
Questionado pelos jornalistas, o líder parlamentar do Bloco mostrou-se confiante no regresso do partido à Assembleia Legislativa Regional nas eleições de setembro e não escondeu a "grande satisfação" de contar com Helder Spínola como mandatário do Bloco nesta eleição onde "há um défice na discussão de problemas estruturais e as alterações climáticas são um deles".
Mas há outros debates estruturais em que "estranhamente os responsáveis políticos da Madeira não quiseram participar", prosseguiu Pedro Filipe Soares, dando o exemplo do debate sobre a revisão constitucional, em que ao contrário do parlamento dos Açores, "a Assembleia Legislativa da Madeira decidiu que não queria participar num debate estrutural da democracia".
"Se o Roberto Almada ou a Dina Letra estivessem na Assembleia Legislativa Regional nunca aceitariam dar esta resposta porque não aceitariam que se demitisse de participar num debate estrutural para a Região para a Autonomia e para o país", apontou Pedro Filipe Soares.
Outra matéria onde os deputados do Bloco farão seguramente a diferença é nas questões da habitação, acrescentou, pois "o Roberto Almada e a Dina Letra não deixam de pôr o dedo na ferida" a expor a falta de habitação a preços dignos ou a combater o "poder político que dá maior benefício a investimentos imobiliários especulativos, ao alojamento local desenfreado, a uma ação turística que não é enquadrável numa economia que é para todos".
"É neste caminho para as eleições legislativas regionais que se mostra a diferença e a necessidade de o Bloco ter uma voz mais forte na Assembleia Regional", concluiu Pedro Filipe Soares.