Albuquerque acusado de violar lei no primeiro dia de campanha

Com direito a banda de música e comes e bebes para a multidão, o presidente do Governo Regional da Madeira visitou no domingo uma obra de canalização de dois ribeiros. Está em causa a violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade nas eleições, diz o Bloco.

O Bloco de Esquerda/Madeira apresentou este domingo uma queixa na Comissão Nacional de Eleições por violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade nas eleições. A lei impede os titulares de órgãos do Estado de usarem o exercício das suas funções para proferir declarações ou agir de forma a poder interferir na campanha eleitoral em curso.

No caso do Presidente do Governo Regional da Madeira e primeiro candidato da coligação PSD/CDS, Miguel Albuquerque, não foi preciso muito tempo para que o papel de governante e candidato se misturassem. Este domingo, poucas horas após o início oficial da campanha para as eleições regionais de 24 de setembro, Albuquerque participou e discursou durante uma visita a obras de canalização dos ribeiros do Trapiche e da Casa Branca, na freguesia de Santo António, no Funchal.

Segundo noticiou o Jornal da Madeira, a visita do governante/candidato "teve direito a multidão, banda de música, discursos e comes e bebes no final". Afirmando-se “disponível para continuar a trabalhar”, Albuquerque estava ciente de que não podia ali anunciar novas obras, pelo que deixou ao presidente da Junta a tarefa de avançar com a promessa do prolongamento daquelas obras no futuro. “A população que vive neste local está agradecida e quer pedir ao presidente da câmara e ao presidente do Governo Regional que esta e outras obras se realizem na nossa freguesia”, disse Ilídio Castro. Na redes sociais da Junta, além das fotografias com Albuquerque em lugar de destaque, pode ler-se que se trata de "um projeto que só se tornou realidade graças à colaboração entre diferentes entidades, em particular do Governo Regional da Madeira".

Após a apresentação da queixa, o Bloco/Madeira espera agora que sejam tomadas "as devidas diligências legalmente prescritas, no sentido do respeito das Leis Eleitorais e das orientações da Comissão Nacional de Eleições".