As políticas do Governo PSD/CDS/PAN

No Bloco os madeirenses terão uma voz contra os atentados ambientais e paisagísticos, que por cá se praticam, e contra os interesses dos tubarões da construção e hotelaria, que do nosso suor se alimentam.

1. Neste meu primeiro artigo de opinião, após as eleições regionais, queria agradecer os votos e a confiança que 3.035 madeirenses depositaram na candidatura por mim encabeçada. Com a vossa ajuda, o Bloco de Esquerda volta a ter representação na Assembleia Legislativa da Madeira. Tentarei não desiludir e honrar este voto de confiança de cada uma das pessoas que em nós votou.

2. A solução encontrada para tentar garantir quatro anos de governação de Miguel Albuquerque, causou mal-estar e ciúmes nas novas direitas que, agora, entraram no Parlamento. A irritação do líder nacional do partido de extrema-direita e a desilusão dos dirigentes da IL - após o líder nacional desta força política ter oferecido o seu partido para o governo, em plena noite eleitoral -, dão razão ao que o BE sempre afirmou durante a campanha eleitoral: que as novas direitas querem ir para o governo de Miguel Albuquerque.

3. O PAN estabeleceu um acordo de incidência parlamentar para perpetuar um regime caduco, com quase 50 anos. Além de desrespeitarem todos quantos sofreram, e ainda sofrem, com as políticas anti-sociais e com o cerceamento da Liberdade nesta terra, defraudaram os eleitores que em si confiaram. Quem votou no PAN à espera de uma mudança está, certamente, muito desiludido. O que posso garantir é que o Bloco será uma voz, no Parlamento, que defenderá o bem-estar animal, o ambiente e o fim de todas as discriminações.

4. Enquanto, a nível nacional, o governo quer acabar com a autorização de novos vistos gold, na Região a coligação PSD/CDS/PAN, e o seu governo, pretendem manter as portas escancaradas aos milionários russos, e de outras nacionalidades, que, beneficiando de incentivos fiscais, vêm para a Madeira adquirir habitações a preços astronómicos e incomportáveis para o bolso da generalidade dos madeirenses. Os vistos gold prejudicam os madeirenses porque inflacionam o preço das habitações, criando enormes problemas a quem precisa de um teto mas não o consegue comprar ou arrendar. Não é a construção de “apartamentos a custos controlados”, com um T1 a custar 160 mil euros, que resolverão coisa nenhuma. É apenas mais um negócio para engordar os tubarões da construção, com dinheiros públicos, enquanto cada vez mais madeirenses correm o risco de ir viver na rua.

5. A entrega do Lar da Bela Vista a uma entidade privada, está a colocar muitos funcionários “à beira de um ataque de nervos”. Há relatos de pressões para que os funcionários públicos que lá trabalham aceitem mudar o seu vínculo, passando para o setor privado. Além disso, dizem os novos donos daquela Instituição, que dois funcionários em cada turno chegam e sobra para dar banho a cerca de 30 pessoas, na sua maior parte dependentes, que precisam de acompanhamento personalizado e maior conforto. É esta a essência dos privados: interesse pelos lucros e desinteresse pelas Pessoas. É preciso reverter este caminho, proteger os direitos dos trabalhadores e dos Idosos, garantindo uma gestão assente nos seus interesses, em detrimento do lucro.

6. Quando o Governo do PSD/CDS/PAN permite que a Praia Formosa seja usurpada pelos grandes interesses imobiliários e hoteleiros, comete verdadeiro crime. Com as alterações climáticas que aí estão, dentro de pouquíssimos anos o nível da água do mar deverá subir e submergir o passeio marítimo já construído. Só a irresponsabilidade deste governo e da atual vereação da Câmara do Funchal, pode permitir este crime ambiental que coloca em risco o que é de todos e dificulta o acesso dos madeirenses ao mar.

7. Enquanto isso, o governo PSD/CDS/PAN prepara-se para avançar com a asfaltagem do Caminho das Ginjas, em plena Floresta Laurissilva, e com o teleférico do Curral das Freiras. Realmente, em termos ambientais, esta governação promete ser uma desgraça. No Bloco os madeirenses terão uma voz contra os atentados ambientais e paisagísticos, que por cá se praticam, e contra os interesses dos tubarões da construção e hotelaria, que do nosso suor se alimentam.

Artigo originalmente publicado no Diário de Notícias da Madeira.