Museu alusivo ao 25 de Abril...
Decorridos que são 45 anos desde essa madrugada libertadora, entendo que o significado e a relevância da mesma justifica plenamente, por parte das entidades governativas de âmbito regional e local na RAM tudo fazer para perpetuar na memória coletiva esse inesquecível dia da nossa História Contemporânea.
Neste sentido, aproveito este artigo para partilhar com os leitores uma proposta que tenciono apresentar, na qualidade de cidadão, no âmbito do anunciado Orçamento Participativo da RAM, na área da Cultura. Esta visa a criação na Madeira de um Museu alusivo ao 25 de Abril.
Esta proposta, da minha autoria, foi já apresentada na Assembleia Municipal do Funchal pelo Grupo Municipal da Mudança, na sessão ordinária do dia 27 de Junho de 2016, sob a forma de Recomendação ao executivo camarário de então, tendo sido aprovada por maioria. Infelizmente, até ao momento presente, a mesma não passou do papel.
Assim, irei propor o seguinte:
“No corrente ano comemoram-se os 45 anos da Constituição da República Portuguesa bem como da Autonomia Política e Administrativa da Madeira e dos Açores.
Ambas só foram possíveis graças à revolução iniciada na madrugada de 25 de abril de 1974. Esta data consubstanciou o derrube da Ditadura e a instauração da Democracia no nosso País, a qual possibilitou posteriormente o surgimento do nosso regime autonómico. É assim uma data e um momento histórico que devem ser relevados e permanentemente perpetuados na memória coletiva da população madeirense.
Para esse nobre propósito, a criação de um Museu ou Espaço Museológico temático alusivo a este acontecimento afigura-se como um meio privilegiado e adequado. Atividades como a realização de exposições permanentes conjugadas com outras temporárias, itinerantes e temáticas; lançamento de livros; ciclos de tertúlias temáticas; conferências, debates e palestras; visitas proporcionadas às escolas da RAM, seriam fundamentais para, tendo como pano de fundo os Valores e Princípios subjacentes à Revolução dos Cravos, desenvolver uma cultura de Democracia Participativa, proporcionar a reflexão coletiva sobre diversas questões e temas da nossa sociedade e em última instância ser mais um contributo para a formação de cidadãos com espírito cívico e de cidadania, conscientes dos seus deveres e direitos enquanto tal.
Um exemplo similar do que se pretende propor é dado pelo Museu do Aljube – Resistência e Liberdade ( www.museudoaljube.pt) que consiste num “museu municipal que pretende preencher uma lacuna no tecido museológico português, projetando a valorização dessa memória na construção de uma cidadania responsável e assumindo a luta contra a amnésia desculpabilizante e, quantas vezes, cúmplice da ditadura que enfrentámos entre 1926 e 1974.”
Propõe-se assim que o Governo Regional da Madeira diligencie no sentido de ser criado um Museu ou Espaço Museológico Temático alusivo ao 25 de Abril de 1974, no qual pudessem ser implementadas as variadas e diversas valências referidas no corpo desta proposta.”
Termino este meu artigo deixando uma sugestão de leitura: trata-se do livro intitulado “Uma Fragata no 25 de Abril” da autoria de Noémia Louçã, das Edições Parsifal, no qual, de acordo com a respetiva sinopse se “desmascara o mito de terem sido os jovens oficiais da Fragata Gago Coutinho a impedir que o Comandante Seixas Louçã bombardeasse as tropas de Salgueiro Maia na manhã do dia 25 de abril. Dessa forma, teriam assegurado o êxito da revolução. Recorrendo aos autos dos inquéritos e a ampla documentação oficial, Noémia Louçã prova nesta obra, em definitivo, que tudo não passou de uma mentira para fabricar heróis da Revolução à custa de um Oficial com reconhecido passado de resistência antifascista.”
Boas leituras e 25 de Abril
Sempre!!!
Publicado em JM-Madeira.pt