Dia Internacional da Mulher
Na altura, como hoje, as mulheres lutaram por melhores condições de vida e trabalho. As campanhas pelos direitos legais das mulheres, foi o que nos permitiu hoje o direito ao voto, a um contrato de trabalho digno, a licença de maternidade e também, a cada vez mais equiparação de salários, essencialmente o direito à nossa autonomia.
Em Portugal, foi sobretudo depois do 25 de Abril, que este dia começou a ser comemorado, sempre como um dia de luta para conseguir mais, mas também como um dia de festa para comemorar os avanços até hoje conseguidos.
Para mim e para muitas mulheres, um bom futuro é a possibilidade de viver numa condição de igualdade, onde possamos ser reconhecidas pelas nossas competências e não tendo de lidar com o machismo que ainda hoje nos oprime. O futuro que eu e todas queremos é o de um país capaz de entender que somos cidadãs, que podemos decidir sobre o nosso corpo, que podemos lutar pelos nossos direitos e chegar de forma digna aos altos postos de comando.
Em um país onde mais da metade da população é formada por mulheres, será que somos só nós, feministas, que reconhecem a nossa sociedade como errada? Que forma de ignorância é essa, que nada tem a ver com o nível educacional, que insiste em tentar convencer as mulheres de que elas são inferiores? Que sociedade é esta, em que uma mulher é insultada e agredida com o filho bebé ao colo? Que modelo social queremos, quando o agressor é levado a julgamento e o juiz atenua a pena? Quando um juiz afirma que "uma simples ofensa à integridade física, que está longe de poder considerar-se uma conduta maltratante suscetível de configurar violência doméstica", aqui percebemos o quanto ainda há por fazer.
Em média, uma mulher assassinada por semana, vítima de violência doméstica. É esta a triste realidade do nosso país, que declarou hoje, um dia de luto nacional por todas elas. Um ano de 2019 já manchado por 13 vítimas mortais. Nos últimos 15 anos, foram 503 mulheres que sucumbiram à violência.
O grande desafio ainda é acabar com a violência que atinge as mulheres dentro da própria casa. A cada cinco minutos, uma mulher é espancada, e em muitos casos é o marido ou namorado quem bate ou mata.
O aumento da participação feminina na política, é essencial para o superar das desigualdades que ainda permanecem e para mais e melhores conquistas sociais, políticas e económicas. Lembro a importância do voto nos diferentes atos eleitorais - são 3 este ano - as mulheres são a maioria dos votantes, têm mais poder do que pensam nas mãos, até porque se elas param o mundo para.
Apelo à participação associativa das mulheres para continuarem a lutar pelos direitos já conseguidos, para não deixarem que os mesmos sejam deitados no caixote do lixo da história.
Convido todos e todas a refletirem sobre como podemos tornar a nossa sociedade mais justa, mais igual e menos violenta. Nós mulheres merecemos amor e paz nos nossos lares. Vamos todos e todas dar um basta a esta violência que assola o nosso país.
No Dia da Mulher, vamos comemorar não só as nossas conquistas históricas, mas também lembrar todos os desafios a serem vencidos nesta longa caminhada.
É importante sairmos dos nossos muros e virmos para a rua reivindicar, dizer que estamos vivas e que vamos continuar a luta.