Era uma vez uma Região Insular muito bonita !
Camaradas!
Era uma vez uma Região Insular muito bonita, considerada como muito especial, que devido ao seu clima começou a ser procurada como lugar para ferias e até tratamento de doenças várias. Os primeiros turistas chegavam de barco! Quando chegavam eram considerados como os que alimentavam todas e todos na Região…
Nesta mesma Região, e no século passado, no período pós 25 de abril, era eu ainda uma criança chega ao poder um individuo que prometia evolução para toda a Região. Essa Evolução assentou, sobretudo, em betão à vista! Essa transformação criou algumas acessibilidades necessárias, mas, em simultâneo, transfigurou a Orla Costeira e algumas praias morenas tornaram-se loiras e praias de pedra, poços com águas mortas. Após obras feitas com dinheiros públicos foram sendo entregues a privados, hoteleiros e similares.
Furou montanhas e criou uma rede de acessos pela Região, mas os horários dos autocarros são os mesmos de sempre com transportes públicos que continuam por não chegar a todos!… O povo viu evolução na destruição em resultado da muita areia que foi sendo lançada para os seus olhos - uma estratégia que foi resultando em casa própria!
Uns anos mais tarde, o mesmo Povo não percebeu “o buraco” nas contas públicas que indivíduo fez à conta dessas obras. Como?! Questionavam as pessoas, os trabalhadores da construção, da hotelaria, do comércio, os funcionários públicos e os que de cabeça baixa emigravam para alimentar as suas famílias - os desempregados das condições que não foram criadas.
Veio o buraco, veio a crise e as dificuldades das famílias foram-se acumulando. Chegou a austeridade Nacional, a que se somou a austeridade Regional saída da dita desgovernação.
E agora? Mudou o indivíduo, manteve-se estranhamente o mesmo partido no poder, com uma maioria arrancada a ferros. Presentemente é lançado às ribeiras o betão – sempre a mesma política do betão, para novas piscinas falsas que depois chamam de naturais, e na Região constrói-se, de momento, o maior hotel de Portugal ao mesmo tempo que os barcos e companhias aéreas fogem dos nossos portos e aeroportos…
A campanha do governo é gritar PROMETEMOS CUMPRIMOS com fotos de barcos, aviões e helicópteros e mais recentemente a foto do projeto de um novo hospital, enquanto nos velhos hospitais jogam betão à forca toda. E ninguém faz nada, porque em democracia a maioria decide… Mas era bom que em Democracia fossem as pessoas a decidir!?!
Hoje estou aqui, no Bloco e nesta Convenção, para juntos continuarmos e insistirmos na procura de caminhos de verdade com a convicção com que sempre me pautei…
É urgente fazer! Estou assustada, talvez porque trabalhe, desde sempre em saúde mental, e sei que o povo quando adoece, perde a força para a luta e perde o pior que se pode alimentar: Convicção em mudanças efetivas!
Quando oiço “para quê mudar as vacas? Vacas magras? Deixem estas que já estão bem gordas”.
Moralmente está tudo muito confuso. Em todo o lado, vejo que impera a impunidade. Assustador!
O arquipélago da Madeira, e quem lá reside, continua a reclamar mais desenvolvimento integral e sustentável. Um desenvolvimento que chegue a todos e não apenas à cúpula de sempre.
Ao BLOCO, na Madeira cabe-nos fazer oposição permanente e sustentada e encontrar respostas para o que reclamam os Madeirenses e Porto-Santenses. Precisamos de estar na primeira linha de combate político para uma efetiva transformação da política e vida, Regionais. Com verdade, sem jogos de entretenimento e sem estórias avulsas!.... Para o bem do povo, porque a política existe para dar qualidade de vida às mulheres e aos homens! Assim façamos!!! Grata Camaradas!
Discurso de Luísa Santos na XI Convenção do Bloco de Esquerda