Ricos e caloteiros

A ASSICOM deixou um calote de meio milhão de euros no Madeira Tecnopolo. Foi por estas e por outras que a RAM foi metida no PAEF por dívidas excessivas, com grandes custos para os contribuintes.

Segundo notícias vindas a público, A ASSICOM-Associação da Indústria e Construção da Madeira deixou um calote de meio milhão de euros no Madeira Tecnopolo, uma vez que realizou aí seis feiras e um seminário entre os anos de 2004 e 2010 e não pagou o aluguer nem as despesas inerentes.

O Madeira Tecnopolo é uma empresa de capitais públicos que gere um grande espaço multiusos na Penteada, construído pelo Governo Regional, isto é, com dinheiro dos nossos impostos.

Os senhores da Assicom, da Indústria de Construção Civil, dos que mais têm arrecadado lucros na RAM e cuja instituição tem como presidente um alto dirigente do PSD, não tiveram pejo nenhum em defraudar esta empresa pública com um calote deste montante que, em última análise, enfraqueceu o erário público, já de si depauperado por muitas outras aberrações conhecidas e desconhecidas.

Há anos vieram a público diversos calotes da Fundação Social Democrata/PSD que não pagava a água e devia milhares de euros à Empresa de Electricidade e à Empresa Horários do Funchal. Mas tinham sempre crédito.E não sabemos se a Fundação Social Democrata, ou seja, o PSD, já regularizou esses calotes. Enquanto que nós, com dinheiro ou sem ele, somos obrigados a pagar as nossas contas ou cortam-nos a água, a luz, o telefone e por aí adiante.

Mas os ricos e caloteiros sentem-se donos do erário público. Podem tudo e mandam em tudo e ainda acusam outros de não lhes pagarem as dívidas. São sempre outros os responsáveis pelos seus actos que dão para o torto.

E os senhores que gerem o Madeira Tecnopolo, em vez de defenderem a instituição, como é da sua obrigação, continuaram a ceder o espaço para as feiras, mesmo com dívidas em atraso. Já que o processo em Tribunal caducou, os dirigentes deveriam ser responsabilizados por este descalabro. Talvez passassem a ter mais cuidado e zelassem pelos interesses da instituição. Mas a verdade é que nem sabemos quem eles são, ficam na penumbra, bem acobertados e nós pagamos os prejuízos.

Foi por estas e por outras que a RAM foi metida no PAEF por dívidas excessivas, com grandes custos para os contribuintes.