Participar para influenciar
Neste mês, em que acaba o verão e começa o outono, a vida vai voltando lentamente ao seu curso normal. Iniciam-se as aulas e a atividade profissional após as férias. Os festivais e arraias vão diminuir, e o barco vai partir novamente, mesmo que o mar esteja muito bom para navegar. Vamos continuar a ter os discursos mais inflamados, as promessas serão muitas e as notícias vão ter maiores audiências.
É preciso, por isso, estar com atenção ao que aí vem. Os Parlamentos voltarão a abrir e, quem nos representa (ou devia representar), vai voltar ao trabalho de legislar a aprovar os orçamentos para 2019, ano em que teremos três atos eleitorais.
E não pensem que isto só diz respeito apenas a quem vai debater esses documentos, dentro dos parlamentos. A nossa vida será influenciada pelas decisões que forem tomadas. Por isso como pessoas livres e responsáveis devíamos exigir ter uma palavra a dizer sobre as prioridades que vão dar à aplicação do dinheiro dos nossos impostos.
Devemos exigir que os/as deputados/as, logo que tenham conhecimento das propostas, discutam as mesmas. Não só com os seus correligionários (isso é o mínimo), como também com as associações representativas e com as pessoas interessadas em debates convocados especificamente para o efeito. E isto devia ser feito para o orçamento nacional e para o orçamento regional. Claro que também existem os orçamentos Municipais, que deverão ter o seu enquadramento especifico.
De certeza que teremos propostas a apresentar sobre o que queremos para 2019. As eleições não podem se sobrepor a estes instrumentos financeiros muito concretos. Depois dos mesmos serem aprovados, há que fiscalizar a sua concretização e, em seguida, debater o que queremos para cada eleição. Não devemos aceitar que alguns já estejam a desvirtuar todo este processo, passando sobre 2019, como se fosse apenas um ano em que se realizam eleições.
Da minha parte gostaria de ter respostas concretas dos Governos para os problemas sociais, que abundam um pouco por todo o lado, e dou alguns exemplos: O que vão fazer para ajudar as pessoas mais pobres e vulneráveis, quer sejam reformadas ou estejam no ativo, mas que não conseguem sair do círculo de pobreza muito grande em que se encontram? Como vão resolver os problemas da mobilidade? Vai o Governo Regional baixar os preços dos transportes terrestes, aprovando passes verdadeiramente sociais, para não termos os transportes mais caros de Portugal? Vão de uma vez por todas resolver os problemas das passagens áreas? Do barco? Do fim dos monopólios nos portos? Vai baixar na Madeira os impostos, igualando o que existia antes da Troika? Vão dar meios, a todos os níveis, ao Serviço Regional de Saúde para acabar com as listas de espera, que abundam em várias especialidades? Vão pôr, de uma vez por todas, o/a utente/doente no centro do sistema e tratá-lo com a dignidade que merece?... E podia continuar, porque reivindicações não faltam... Haja oportunidade...
Há quem ainda diga que não quer nada com política, mas devia saber que tudo o que fazemos é, por si só, um ato político concreto. Se não formos nós a influenciar, deixamos que as decisões que vão reger as nossas vidas sejam tomadas, por poucos. E, depois das decisões tomadas, não vale a pena reclamar.