Felicitando o JM e homenageando o Isaac…
Todos os jornalistas, funcionários e restantes colaboradores do JM têm agora ao seu dispor condições físicas e materiais que lhes permitirão oferecer a todos os assinantes, leitores e anunciantes um jornal diário inovador, contendo um jornalismo livre, independente, plural, isento e acutilante. No teor dos discursos então proferidos, registo uma afirmação feita pelo representante dos acionistas da EJM, Dr. Luís Sousa, que enfatizou o propósito de pretender efetuar uma revolução na Comunicação Social através deste projeto jornalístico.
Pois bem, corroborando esta afirmação, considero bastante revolucionária e pertinente a entrevista que o JM publicou no dia 17 de janeiro, feita a Isaac dos Santos, na qualidade de protagonista do documentário “Rip 2 My Youth”, que foi exibido na passada quinta-feira no Teatro Municipal Baltazar Dias no Funchal. Trata-se de um jovem de 21 anos, transexual, que tendo nascido num corpo feminino, nunca foi mulher em termos identitários de género e nesse sentido aos 18 anos fez a inevitável e correta transição física para o sexo consentâneo com o género existente na sua mente. Quero assim também aproveitar esta crónica para fazer uma singela e justa homenagem ao Isaac.
A referida entrevista efetuada e publicada neste jornal foi uma autêntica “pedrada no charco”. Ela seria impensável no jornal que precedeu o atual JM. Nessa entrevista bem como no documentário que a suscitou, é revelada toda a história de vida deste jovem, relatando todas as principais incidências, dificuldades e obstáculos, incompreensões dos colegas de escola, sentimentos e emoções, o apoio e compreensão da sua avó paterna e da sua namorada, bem como a aceitação por parte dos pais. A entrevista e o documentário constituem dois registos que devem ser o mais amplamente divulgados, sendo dois preciosos instrumentos no combate ao preconceito e simultaneamente na abertura e mudança de mentalidades.
Como é óbvio li a entrevista e assisti ao documentário. E não posso deixar de referir que me tocaram profundamente. Neles fica bem patente a enorme felicidade que o Isaac sente por finalmente ter conseguido concretizar o seu sonho de viver dentro de um corpo consentâneo com o seu género mental. Essa felicidade foi ainda mais notória, quando pessoalmente, no final da exibição do documentário e por breves instantes troquei algumas palavras com o Isaac. Há expressões faciais, sorrisos e olhares que dizem tudo. Só é feliz assim quem muito sofreu anteriormente e verifica agora que a razão desse atroz sofrimento foi definitivamente expurgada e eliminada.
Gostaria também de relevar o testemunho dado pelos pais no dito documentário. Compreendo perfeitamente que esta decisão do seu filho lhes tenha provocado um choque. Na realidade, “perderam” uma filha e “ganharam” um filho. Mas apesar disso e de toda a pressão e preconceitos sociais, puseram sempre em primeiro lugar a felicidade do seu filho e com essa premissa sempre presente, suplantaram as suas naturais reservas, dúvidas, egoísmos, receios e jamais enveredaram pela mais vil e execrável violência psicológica no sentido de “convencer” o Isaac a não efetuar a transição. Se outros fossem os pais do Isaac, muito provavelmente hoje ele seria mais um caso a acrescer às tristes estatísticas do suicídio em Portugal e esses mesmos pais estariam a chorar a perda, essa sim, real e efetiva do seu filho.
Termino com um especial agradecimento à jornalista Susana de Figueiredo, que conduziu a entrevista no JM e à produtora do documentário Elizabeth Vieira, por terem, com o seu profissionalismo, empenho e dedicação depositados na entrevista e documentário, proporcionado a todos os leitores e espetadores dois inesquecíveis registos impregnados de uma mensagem de bondade, tolerância, respeito, amizade e amor. Muito, muito obrigado!!! JM
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