Prioridades

O Bloco de Esquerda apresentou uma proposta na ALM para que apenas fossem apoiadas escolas privadas onde a oferta pública não é suficiente. Porém, apenas o BE e o PCP votaram a favor desta proposta. Os restantes votaram contra ou abstiveram-se. 

Segundo li na Comunicação Social, o Governo Regional da Madeira equaciona a módica quantia de 25 milhões de euros para apoiar o Ensino Privado. Perante esta atitude, parece que o G. Regional da Madeira tem dinheiro de fartura e, naturalmente, até pode apoiar os estabelecimentos de Ensino Privado que cobram mensalidades, contratam os professores que querem, pois não abrem concursos como no Ensino Público, recebem os alunos que melhor se adaptam aos seus programas e planos curriculares, assim como pedagogia aplicada, pois, segundo era do meu conhecimento, rejeitavam os alunos com reprovações, etc, etc.

Ouvi pela TV uma deputada do PSD justificar estes apoios com “ a liberdade de escolha” que assiste aos encarregados de educação de matricularem os fihos/as em escolas que melhor respondem às suas convicções. Pois bem, os restantes encarregados de educação são obrigados a matricular os seus educandos nas escolas da sua residência. Não têm poder de escolha e ainda pagam impostos para satisfazerem as escolhas dos privilegiados.

Eu estou à vontade para falar de ensino público/privado. O Senhor Governo só me proporcionou a escola primária, pois não havia outras escolas fora do Funchal. Depois de adulta, trabalhei e paguei aulas particulares, durante muitos anos, para me apresentar aos exames do Liceu. Ninguém me deu nada. Até o Curso d’ Alliance Française que eu fiz em Paris, paguei-o com muitas horas de trabalho, pois trata-se de uma instituição particular. Por fim, fiz o Curso do Magistério Primário, ´numa escola pública, depois de ter percorrido uma via-sacra de trabalho e estudo. E agora vejo que parte do dinheiro dos meus impostos e dos demais, que pagamos com muito sacrifício, está a ser desviado para escolas de gente privilegiada, dinheiro esse que faz muita falta, por exemplo, nas escolas públicas e serviços de saúde.

Segundo notícias vindas a público, mil crianças estão à espera de cirurgias ( DN de 27/11/2017), o Hospital Distrital do Funchal deixou acabar medicamentos para esclerose múltipla ( DN 29/11/2017). Estes são apenas dois exemplos entre os muitos que lemos continuamente. Afinal poder-se-ia aplicar mais alguns milhões na área da saúde!

O Bloco de Esquerda apresentou uma proposta na ALM para que apenas fossem apoiadas escolas privadas onde a oferta pública não é suficiente. Porém, apenas o BE e o PCP votaram a favor desta proposta. Os restantes votaram contra ou abstiveram-se. Curioso! Patético!

(Publicado originalmente em dnoticias.pt)