Distracções
Começaram as distracções trazidas com o sol e o bom tempo. A primeira foi o acrescento do nome ao aeroporto da Madeira. Agora também se designa Cristiano Ronaldo. Para mim tanto me faz. Tem um busto a representá-lo, sorridente e irreverente. Mais do que ele é pessoalmente porque, para o meu gosto, é demasiado “sério” e fechado, sobretudo para os/as “pobres” fãs, que lhe vão “esmolar” um autógrafo e um aceno e, na maior parte das vezes, ele finge que não vê. Está no seu direito, dizem alguns. Também é verdade. Mas quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele.
Veja-se o que faz o chefe da orquestra populista portuguesa, para perceber do que falo. Ele está em todas, ele dança, tira fotos, canta, e não falha em nenhuma ocasião, desde que tenha os holofotes apontados para ele. É popular, dizem alguns. Se calhar. Depende do ponto de vista, e como ele bem diz, depende se está num dia de prós ou contras. No dia da inauguração estava pró. Horas antes estava contra. Verdadeiro artista.
“Adorei” o discurso do homenageado. Numa cerimónia oficial, onde estavam as mais altas entidades do País e da Região, tratou por tu o presidente da homenagem. Imaginem se a moda pega. Imaginem que nas cerimónias públicas, ou que no Parlamento e outros Órgãos do poder local, se começa a tratar por tu os “superiores”? Imaginem se fosse um político a fazer isto? Caía o Carmo e a Trindade, ou então para ser autonomista, a Quinta Vigia e o Paço Episcopal.
Basta ter milhões e um jacto para se “pirar”, para se sentir acima de qualquer entidade e ter obrigações, de linguagem, ou outras quaisquer? Para quem está interessado na análise do comportamento humano este seria um caso interessante a aprofundar... Já li diferentes pontos de vista muito interessantes e gostava de ver mais.
Outras distracções são os tiros nos pés que muita gente continua a dar, pensando que pode fazer tudo o que quer porque está acima de qualquer coisa ou qualquer organização. Isto é válido para os que pensam que o povo é burro e que pode continuar a tratá-lo enquanto tal.
Então o PSD, que tem estado no poder regional desde que existe democracia, vem fazer denúncias de coisas que estão a se degradar, como se sempre fossem oposição e fossem uns anjinhos que andam aqui? Então a Senhora Rubina Leal, não foi a Vereadora da Câmara Municipal do Funchal, que esteve no poder durante muitos anos, que nunca mexeu uma palha para eliminar o amianto dos bairros, e agora, quando está em curso um programa para acabar com essa praga para a saúde pública, vem dizer que a actual vereação não fez nada para resolver a situação?
Aprendi uma coisa durante a minha vida. O povo é simples, muitas vezes vai atrás de balelas e falsas promessas, muitas vezes até sabe que se calhar não está a ser justo para os que lutam e até lhes pede desculpas por não lhe ter dado o seu voto, mas não gosta de ser tratado como se fosse burro. A política e a democracia precisa do poder e da oposição. Mas é preciso saber que fazer oposição a sério não é para todos/as. Algumas pessoas habituaram-se tanto a estar no poder que, às vezes, esquecem que no Funchal não estão e só espero que não voltem mais.
Artigo publicado na edição impressa e online do Diário de Notícias da Madeira.