Retalhos de Verão

O verão não costuma ser uma época muito fértil de acontecimentos dignos de registo em artigos de opinião. Este ano parece que não é assim. Pelo menos quem opina tem tido muitas coisas com que se “entreter”. Eu não vou fugir à regra e vou falar de alguns acontecimentos que têm andado na berlinda.

Fala-se muito nas redes sociais. Acho que existe muita gente preocupada com as noticias que nelas correm, mais leve que o vento. Compreendo que para quem gere a comunicação formal essas noticias não agradem porque as novidades, já foram, e quando são noticiadas formalmente, perdem muito valor e atualidade. A mudança do nome do aeroporto da Madeira, desculpem, o acrescento ao nome do nosso aeroporto, foi um desses acontecimentos. Desta vez mantive-me calada, a ver os prós e os contras, a propósito dessa alteração, que afinal não passa apenas de um acrescento, para dar mais força à designação do nome do aeroporto. 

Por mim podem fazer os acrescentos que quiserem, até para não me chamarem de invejosa. Podem colocar os nomes mais sonantes, que lhes podem dar votos, quando tiverem aflitos. O que eu quero é que a segurança do nosso aeroporto seja maior e não tenhamos que andar a desviar aviões, em pleno verão, por falta de condições de aterragem. Isso é que deveria merecer maior preocupação e se calhar um estudo mais aprofundado sobre o problema, que neste verão, está a ser maior do que em anos anteriores.

Estão a ser colocados portões com o objetivo de fechar a Praça do Mar a partir de determinada hora para não incomodar os hospedes do hotel CR7. Mas o que é isto? Então o espaço público, neste caso, construído com a solidariedade do Estado, após os acontecimentos do 20 de fevereiro vão servir um estabelecimento privado? Alguém me dizia que se calhar essa clausula já foi colocado no contrato aquando da autorização do empreendimento naquele local. Será? Mas o Governo tem alguma procuração para concessionar o que é de todos apenas para alguns? Espero bem que este fecho não se concretize, sob pena, de se gerar um sério conflito, pois o que é do público é do povo. Veja-se o que se passa em outras zonas de hotéis em que a convivência, com os turistas e os locais, se faz de forma pacifica, e muitas vezes em comum, desde que determinadas regras de boa educação e convivência sejam cumpridas.

Podem existir turistas de alto luxo, dentro dos espaços privados dos estabelecimentos. O resto, se quiserem, vão usufruir em igualdade de circunstâncias com os demais. Esta é a regra que conheço em todos os Países por onde já tive o prazer de visitar.

O Governo da República parece que nos quer por a pagar mais IMI, por gozarmos o sol e a paisagem que nos entra pelas casas, pela frente e por detrás. Ao ouvir esta noticia só pensava nas casas da Madeira que normalmente estão colocadas por forma a apanharem o sol das duas maneiras. Eu própria moro num terceiro andar onde de manhã apanho sol na frente e à tarde apanho atrás. Com base no que ouvi na próxima avaliação terei que pagar a taxa máxima. Mas isto anda tudo louco? Com tanta gente que ainda não paga os impostos que deveria pagar. Com tantos a fugir aos impostos criando empresas nos off shores, dentro e fora do País, vão continuar a explorar os mesmos de sempre? Tenham dó e recuem nesta coisa tão estapafúrdia que caiu muito mal nas pessoas. No verão não pode valer tudo.

Guida Vieira