Grito de alerta!

Há mais de um milhar de utentes da consulta de Psiquiatria do Serviço de Saúde à espera de terem médico especialista atribuído.

Atualmente apenas dois médicos psiquiatras estão a atender doentes na consulta de psiquiatria que, tenho a certeza, em conjunto com enfermeiros e demais profissionais, fazem o que lhes é possível para minorar o impacto de tal situação nos nossos doentes. Mas, infelizmente, as consequências começam a ser dramáticas.

Muitas pessoas que precisam ser consultadas por um médico desta especialidade, não o são há 6, 7 ou 8 meses. Pedem a receita no serviço de psiquiatria ou no centro de saúde e vão levantar medicação à farmácia sem serem vistos por um psiquiatra.

Pessoas com problemas de saúde mental que necessitam ser consultadas por quem está preparado para as consultar, ajustar a medicação ao seu estado e acompanhar a evolução da sua doença. Pessoas que com esse acompanhamento adequado conseguem levar uma vida normal e ter uma qualidade de vida muito satisfatória. Mas que sem esse acompanhamento descompensam, caem em estados depressivos profundos, têm episódios psicóticos, desenvolvem outras doenças para além das que já se manifestam.

Em resumo colocam a sua vida em risco e a vida dos que as rodeiam também. E não. A solução não pode ser o acompanhamento pelo médico de família, no centro de saúde, e terem uma consulta de reavaliação do seu estado, com o psiquiatra, uma vez por ano. Muitas vidas podem perder-se e muito sofrimento pode daí advir.

É preciso agir, Sr. Secretário da Saúde e Sr. Presidente do Governo. Mais de um milhar de doentes estão quase abandonados à sua mercê. E a esmagadora maioria destas pessoas não tem dinheiro para ir ao setor privado. Mexam-se. Antes que seja tarde!

Publicado em Diário de Notícias no Sábado, 9 de julho de 2016