Políticas de coesão em debate no Dia da Região

Conferência organizada pelo Bloco e o grupo parlamentar europeu da Esquerda trouxe ao Funchal o presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu. Roberto Almada defendeu a utilização dos fundos para que a coesão "se faça sentir no dia a dia" das pessoas.

O Bloco de Esquerda e o Grupo Parlamentar Europeu da Esquerda organizaram este sábado, no Funchal, uma sessão pública sob o mote "Regiões ultraperiféricas: longe da vista, longe da coesão", com Younous Omarjee, presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu, José Gusmão, eurodeputado do Bloco de Esquerda e Liliana Rodrigues, ex-eurodeputada do Partido Socialista e professora associada da Universidade da Madeira. Nesta sessão realizada no Dia da Região, o Bloco de Esquerda Madeira esteve representado pela coordenadora regional Dina Letra e Roberto Almada, primeiro candidato às eleições regionais de 2023.

Em declarações à RTP/Madeira, Roberto Almada afirmou que "existem fundos estruturais entre 2023 e 2030 em que se podem usar verbas para combater a pobreza e a exclusão social" e é preciso não desperdiçar essa oportunidade para melhorar as condições de vida na Região.

"Somos uma das regiões ultraperiféricas da União Europeia com maior taxa de risco de pobreza (25%). Essa seria uma boa notícia, que a coesão se faça sentir no dia a dia e na melhoria das condições sociais de madeirenses e portossantenses", defendeu Roberto Almada.

Younous Omarjee, presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu, lembrou que "a Madeira tem 250 mil habitantes, mas a população terá uma queda vertiginosa, com as previsões a apontarem para 150 mil habitantes em 2100. O desafio é fazer que a juventude madeirense ganhe confiança para ficar na sua terra e nela trabalhar. É uma responsabilidade política", sublinhou o eurodeputado da França Insubmissa.

Exceção ao fim dos vistos gold "seria trágico para a política de habitação na Madeira"

O eurodeputado bloquista José Gusmão comentou o pedido de exceção em relação ao fim dos vistos gold, feito pelo Governo Regional. "É difícil perceber qual a ideia por detrás esse pedido de exceção", afirmou Gusmão, considerando que essa exceção "não serve a Madeira e pelo contrário faria da Madeira uma espécie de depósito de todos os vistos gold no país", levando os impactos negativos da política dos vistos gold na habitação a serem "sentidos de forma ainda mais grave na Madeira".

"Pode servir alguns interesses económicos que têm pouco a ver com a vida dos madeirenses, mas seria trágico para a política de habitação na Madeira" se a Região se tornasse um oásis dos vistos gold e da especulação imobiliária no país.