Francisco Louçã: "Madeira tem uma casta forte, gananciosa, gulosa instalada no poder há 47 anos"

"O que se passa na Madeira é o caso mais consolidado de uma realidade que assombra Portugal inteiro, que é um casta forte, gananciosa, gulosa, que se instalou no poder político e no poder económico, que manda, que quer mandar em tudo, que quer controlar tudo", afirmou na sessão pública de apresentação do programa eleitoral do Bloco Madeira.

"O que se passa na Madeira é o caso mais consolidado de uma realidade que assombra Portugal inteiro, que é um casta forte, gananciosa, gulosa, que se instalou no poder político e no poder económico, que manda, que quer mandar em tudo, que quer controlar tudo", afirmou.

O fundador do Bloco de Esquerda falava no Funchal, na apresentação oficial do programa eleitoral do partido às eleições legislativas regionais, agendadas para 24 de setembro, cuja lista é encabeçada por Roberto Almada.

Francisco Louçã disse que o caso da Madeira se destaca pelo facto de ter os "mesmos chefes" há 47 anos, já que o PSD governa a região ininterruptamente deste 1976 e em coligação com o CDS-PP desde 2019.

"Mudarão alguns nomes, mas há 47 anos que existem três tipos de partidos na Madeira: o partido da casta, os partidos que querem chegar à casta e aqueles que querem combater a casta", enumerou, afirmando que o Bloco se integra neste último grupo.

Louçã disse que a "casta" regional se formou com base em "favorecimento, opacidade, abuso e gula" e apontou como exemplos a Zona Franca da Madeira e o preço da habitação.

No caso da Zona Franca, o economista disse que desapareceram cerca de 1.000 milhões de euros através de benefícios fiscais concedidos a empresas que não criaram emprego, o que considerou ser uma "fraude", ao passo que ao nível da habitação a Madeira está entre as regiões mais caras do país, apesar de ser também a que apresenta a taxa de risco de pobreza mais elevada -- 26% --, afetando cerca de 60 mil pessoas.

"O poder da casta é o poder de subir [os preços], é o poder de tirar, é o poder de impor", declarou, assegurando que o Bloco de Esquerda não desistiu da luta.

"Eu gosto desta esquerda, que é brava, que é combativa, que é valente, que pode levar palavras valentes à Assembleia Regional, mas sobretudo porque pode atingir o que tem de ser atingido - um poder que está a estrangular a Madeira há 47 anos", reforçou.