Bloco de Esquerda Madeira para assinalar o Dia Internacional de Eliminação da Violência Contra as Mulheres

Desprezarmos os sinais de subordinação é sermos cúmplices da impunidade. Normalizar o apalpão, o assédio sexual, a palavra alta, a foto íntima partilhada ou o ciúme, é compactuar com uma sociedade em que as mulheres não são donas do seu próprio corpo e das suas próprias vidas, como se fossem sempre propriedade de alguém.

 

NEM MAIS 1!

O Bloco de Esquerda Madeira associou-se ao grito de alerta de tantas mulheres que sofrem em silêncio, neste que é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

A cada ano que passa os números são mais assustadores. Se por um lado indicam que há mais denúncias, também revelam que estamos muito longe de eliminar este flagelo que resulta de séculos de vigência de uma sociedade patriarcal, machista e que continua a entender a mulher como um ser subserviente e não como igual.

Desde 2004 que, em Portugal, mais de 600 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros ou ex-companheiros. Só este ano, já contamos com 28 assassinatos. Não são apenas números, são vidas destruídas, são nomes, são famílias, são crianças, as vítimas que ficam. O problema não é daquelas mulheres em concreto, é do que está mal na nossa sociedade e nas nossas instituições que permitiram que todas elas fossem assassinadas.

Não podemos esquecer que em mais de 50% destes casos, a violência era conhecida por vizinhos, familiares e autoridades.

Mas, a violência contra as mulheres tem outras formas. É o assédio no espaço público, o colega de trabalho que levanta a voz, o companheiro que acha que deve controlar o que vestes ou com quem falas, o ex-namorado que divulga na internet as tuas fotografias íntimas, a discussão que acabou com um estalo. O assassinato de uma mulher é o pico da violência machista.

Desprezarmos os sinais de subordinação é sermos cúmplices da impunidade. Normalizar o apalpão, o assédio sexual, a palavra alta, a foto íntima partilhada ou o ciúme, é compactuar com uma sociedade em que as mulheres não são donas do seu próprio corpo e das suas próprias vidas, como se fossem sempre propriedade de alguém.

Temos de ir mais além. E por isso, o Bloco defende a exigência de respostas imediatas a todas as vítimas de violência doméstica: afastar o agressor e não a vítima; reforçar o apoio durante os processos judiciais;  criar juízos especializados para estes crimes; reforçar a moldura penal para esta tipologia de crimes; implementar um programa de prevenção e combate à violência contra as mulheres, que comece nas escolas.

Quando uma mulher é agredida pelo companheiro, toda a sociedade é violentada.

Repetimos quantas vezes necessárias: NEM MAIS 1!