Entre o "sucesso" e a pobreza

A Madeira está a viver um momento muito difícil. Bem sabemos que a propaganda do Governo repete os sucessos da economia. Mas quem aqui vive não sente nenhum sucesso. Os salários não chegam ao fim do mês, os serviços públicos - como a Saúde - estão degradados, arranjar uma casa que se possa pagar só por milagre. Que sucesso é este de que fala Miguel Albuquerque?

É o sucesso de uma mão-cheia de amigos e de milionários que fazem o que querem da Madeira e que abusam de quem trabalha. Sim, porque é abuso quando negócios de milhões pagam o ordenado mínimo, quando se fazem lucros absurdos no imobiliário e quem aqui vive não arranja uma casa. Quando se dão borlas fiscais aos poderosos e quem trabalha paga os impostos todos e depois nem sequer consegue uma consulta no Serviço Regional de Saúde.

O Governo Regional faz de conta que não é nada consigo. Promete umas esmolas, mas recusa sempre uma pensão decente e um salário digno. O PSD, e toda a Direita, gostam de um povo pobre e de mão estendida. No Bloco de Esquerda defendemos o respeito por quem trabalha. E é por isso que estamos nestas eleições.

Quase 50 anos de governação do PSD Madeira impuseram um regime de compadrio e uma economia da desigualdade. O Bloco de Esquerda está neste combate eleitoral para acertar as contas e exigir justiça e respeito por quem trabalha.

Sem enfrentar os grandes interesses económicos não há Oposição a este regime. Os madeirenses e porto-santenses precisam de quem tenha a coragem de lutar contra os poderes instalados e que não se cale face à injustiça e à irresponsabilidade.

Os preços das casas na Madeira tiveram o maior aumento do país. Comprar casa passou a custar em média quase meio milhão de euros e arrendar mais de 1000 euros por mês. A crise da habitação atinge todas as gerações e empurra os mais jovens para fora da Região. Miguel Albuquerque diz que o problema da habitação está em vias de resolução rápida, mas a única coisa rápida que o seu Governo conseguiu foi a subida de preços. E é fácil perceber porquê: o projeto do PSD, e de toda a direita, para a Madeira é mais e mais construção. E mais construção sem regras, só vai dar mais construção de apartamentos de luxo e hotéis.

Na Madeira não falta a construção. O que falta são as casas. No Bloco de Esquerda queremos que a construção seja de casas para a habitação de quem aqui trabalha. Casas que quem trabalha possa pagar. Porque as pessoas não querem esmolas, querem preços justos.

Para garantir que a construção serve o direito à habitação é necessário impor uma moratória à construção de novos hotéis e empreendimentos de luxo durante 4 anos. A prioridade nos terrenos urbanizáveis tem de ser a habitação. Por outro lado, no licenciamento de novos projetos imobiliários, urge impor a obrigatoriedade de uma quota 25% da área de construção para habitação a custos controlados. Por último, mas não menos importante, é preciso acabar com os vistos gold e os apoios e incentivos com dinheiro público e fundos europeus aos projetos imobiliários de luxo.

Sabemos que são medidas fortes, mas são urgentes. Uma crise como a que estamos a viver exige a coragem de enfrentar o lobby da construção e do imobiliário. E essa é a força e o compromisso do Bloco.

Compromisso também com mais salário e mais pensão. Se a economia cresce, têm de crescer os salários e as pensões. Uma economia que não respeita quem trabalha é uma tragédia. Não aceitamos que se diga aos jovens que têm de viver pior do que os seus pais, quando a economia está hoje mais forte. Não aceitamos que se diga aos mais velhos que estão condenados a reformas de miséria, quando foram eles que construíram os alicerces do crescimento económico a que hoje se assiste.

A Madeira precisa de alternativa e de Oposição. E o Bloco de Esquerda é a única força política que garante essa alternativa e essa Oposição. Não estaremos nunca num Governo de Miguel Albuquerque. Não faltaremos a uma mudança na Madeira. E nunca desertamos da Oposição. Cada deputado e deputada do Bloco de Esquerda na Madeira que for eleito assumirá o seu mandato com coragem e fará a vida difícil àqueles que se julgam donos disto tudo. Porque nós respondemos ao povo, não vamos em negociatas e nunca nos cansamos. O Bloco de Esquerda faz falta no Parlamento Regional e vai ser a força de mudança nestas eleições.