Ser autonomista implica ter alma livre

O voto no dia 24 pode ser uma grande oportunidade de colocar no Parlamento Regional outras pessoas que já deram provas que nunca vão trair os interesses do povo. A escolha é nossa, não a desperdicemos.

Hoje é o dia dedicado à Autonomia Regional. Faz precisamente 48 anos que ela ficou plasmada na Constituição da República Portuguesa. É bom lembrar que esta conquista para a Madeira foi aprovada pelo Parlamento Nacional, por parlamentares, de todos os Distritos e Regiões Autónomas do País, o que quer dizer que também é uma conquista do País inteiro. Por isso mesmo, devemos mostrar a nossa gratidão e não estar sempre a jogar pedras a quem nos ajudou a sermos mais livres e a gerirmos os nossos destinos, elegendo um Parlamento com 47 Parlamentares que, entre o partido ou coligação mais votada, designarão os membros do Governo Regional, que vão gerir os destinos da Madeira nos próximos 4 anos. Estas eleições vão se realizar no próximo dia 24 de Setembro.

Normalmente, quem tem estado no poder, passa a vida a dizer que quem não é deles não é autonomista. Andam com a palavra autonomia na boca para tudo e para nada. Ora, é bom que se saiba que ser autonomista é, antes de mais, ser uma alma livre, que em qualquer circunstância defende os interesses do povo madeirense. Alguns até podem apregoar que são muito autonomistas, mas quando tomam decisões contra os interesses dos mais fracos e desprotegidos, quando aumentam as rendas das casas de forma exorbitante, quando continuam a apoiar os vistos Gold para vender a Madeira aos ricos e poderosos, quando admitem que a Madeira seja um grande offshore de fuga aos impostos, quando limitam os acessos ao mar em nome dos capitalistas, sejam eles estrelas de futebol ou outras, quando continuam a permitir que não haja regras no mercado de trabalho e que os salários nunca consigam acompanhar a inflação, assistindo-se a uma cada vez maior pobreza de quem trabalha, para não falar no flagelo que arrasta centenas de jovens para o mundo das toxicodependências e do álcool, ficamos com a impressão que a palavra autonomia na boca desta gente até ofende a nobreza do que devia ser a sua força motriz.

Eu considero-me uma autonomista de alma e coração, por isso mesmo nasci, trabalhei e vivo nesta Região com muito orgulho de ser ilhoa. Mas vejo que muito do investimento que muitas famílias, e os próprios governos, fazem na formação das novas gerações, salvo raras excepções, estão a servir outros países para onde estão a emigrar muitos destes novos quadros. Investimos para dar de graça aos outros. E não venham dizer que é apenas uma questão de decisões pessoais, quando sabemos, e são as próprias pessoas a dizer, que só saem daqui porque não têm alternativa para o seu futuro, e então vão procurar lá fora. É uma dor de alma assistir a estas partidas que, embora já não usem lenços brancos para acenar no cais, como antigamente, não deixa de ser triste e decepcionante.

Claro que ainda temos espaço para as pessoas que aqui ficam, a maioria em situações de grande precariedade. Algumas estão anos a trabalhar e nunca sabem o que lhes vai acontecer. À excepção da Função Pública, colocada por concurso, as restantes profissões são cada vez mais exploradas e nem sabem que a autonomia existe e que pode útil nas suas vidas, porque ser autonomista a sério implica ter uma alma livre, que se perdeu.

Neste dia eu queria dizer outras coisas mais douradas, mas se o fizesse estava a trair a minha própria consciência de autonomista convicta que poderíamos, e podemos, viver melhor. O voto no dia 24 pode ser uma grande oportunidade de colocar no Parlamento Regional uma maioria diferente, e outras pessoas, que já deram provas que nunca vão trair os interesses do povo. A escolha é nossa, não a desperdicemos.