Autonomistas para receber, centralistas para pagar!

Miguel Albuquerque ganhou as eleições regionais com base em várias promessas feitas ao eleitorado. Prometeu a construção do novo Hospital da Madeira, prometeu implementar uma ligação marítima por ferry entre este arquipélago e o continente, prometeu criar uma ligação aérea através de um avião cargueiro para o transporte de carga, de e para a Região, prometeu uma revolução nos portos da Madeira para acabar com o monopólio que tem enriquecido um grupo empresarial regional mantendo uma pesada canga aos ombros dos madeirenses.

Comprometeu-se, enfim, em concretizar uma série de medidas que apresentou aos madeirenses e, com base nessas promessas, uma parte importante do eleitorado, que se dirigiu às urnas, deu-lhe um mandato para cumprir tais medidas. Contudo, quando tomou posse, apesar da propaganda, as medidas começaram a não aparecer e quando apareciam revelavam-se autênticos flops, como foi o caso das viagens aéreas, cujo reembolso só pode ser levantado depois dos passageiros adiantarem, não raras vezes, 300 ou 400 euros para irem a Lisboa ou ao Porto. Enquanto o seu amigo Passos Coelho esteve no Governo da República, e nunca fez nada para ajudar a Madeira, Albuquerque andou por cá ‘mudo e quedo’, sem fazer ondas e a fingir que governava. Quando mudou o Governo em Lisboa, o homem que tinha estado ‘calado como um rato’ começou a engrossar a voz e a exigir, vejam bem, que o atual Governo da República pagasse o Hospital, o avião cargueiro, o ferry, e tantas outras promessas de Albuquerque. Isto é, Albuquerque prometeu ‘mundos e fundos’, ganhou as eleições com base nessas promessas, mas as faturas desses compromissos estão prontinhas para serem enviadas a Costa, Catarina e Jerónimo.

A conceção de Autonomia desta gente tem apenas um sentido e apenas uma forma: são autonomistas para receber, mas já são centralistas para pagar. Pagar, que pague Lisboa. Mandar, manda Albuquerque. O caso do Hospital é paradigmático: pela primeira vez, ao abrigo da Solidariedade nacional fica escrito na Lei do Orçamento do Estado que a construção do Novo Hospital será financiada em 50% pelo Estado. Eles acham que é pouco. Queriam que Lisboa pagasse 100%. O Estado vai, de diversas formas, apoiar a reconstrução de 70% dos prejuízos causados pelos incêndios de agosto passado. Eles acham que deveria ser 100% para que Albuquerque não tivesse que ajudar com um cêntimo. Assim não, senhores do PSD e do Governo Regional. Defender a Autonomia é exigir a Solidariedade do Estado, como o BE tem exigido a este Governo. Mas defender a Autonomia é exigir também que o Governo Regional cumpra com as suas responsabilidades e entre com a sua quota-parte do esforço para resolver os problemas dos madeirenses.

Que acabem com os regabofes, com os favores aos amigalhaços, com os dinheiros para os futebóis e estádios novos, com a injeção de milhões nas Sociedades de Desenvolvimento falidas e que tenham olho nos lóbis, como os da construção civil que começam a salivar logo que vêm o cimento a correr. E, sobretudo, Dr. Albuquerque, que comecem a governar e deixem de mandar ao Costa, à Catarina e ao Jerónimo as contas dos vossos desvarios e as responsabilidades dos vossos "inconseguimentos". Porque se é para Lisboa pagar tudo, para que é que precisamos de Governo Regional?!