2019 – recuperar o futuro roubado
O sonho da minha mãe era que os filhos estudassem e tivessem uma vida melhor que a sua. No seu tempo a quarta classe bastava para ter um trabalho respeitável, ela ficou pela terceira... nem lhe valeram os elogios da professora junto do meu avô, que tinha cabeça e poderia ser regente e depois professora. Nasceu aí a sua determinação: “eu não estudei, mas os meus filhos hão-de estudar”. Obrigado mãe!
O avô da minha mãe era um dos poucos homens que sabia ler e escrever, corria o Porto da Cruz de ponta a ponta a tratar de cartas e de outros documentos, mas criou os filhos analfabetos.
Diziam-lhe os senhores ricos que para trabalhar a terra não era preciso ler nem escrever. Aos mesmos senhores a minha mãe ouviu a indignação, a seguir ao 25 de abril: o Governo deve andar louco para dar escola à “canalha da serra”.
No meu tempo de estudante a licenciatura era garantia de carreira para a vida, hoje nem licenciatura, nem doutoramento. Quem nos roubou o futuro? Teremos “doutores” a mais?
Os jovens qualificados emigram para países (Inglaterra ou França) com maior percentagem de licenciados que Portugal. Esses países criam oportunidades para os seus jovens e para os nossos, a Madeira nem para os seus! O problema não é “doutores” a mais, é oportunidades a menos. São políticas erradas que criam ricos mas não dão futuro.
A Madeira está refém dos interesses de poucas famílias que controlam os negócios e a política e roubam-nos o futuro a todos.
Os ricos impingem-nos sempre as estórias que lhes convêm, já não dizem que não faz falta estudar, a conversa é refinada: as privatizações fazem crescer a riqueza; os privados é que criam emprego; não devemos esperar trabalho estável nem horário certo e muito menos um salário digno; o Estado deve gastar menos e baixar impostos. Balelas! O efeito de tudo isso é ricos cada vez mais ricos e o povo mais pobre!
A desgraça da nossa geração é ver os nossos filhos a viverem pior que nós, com estudos mas sem emprego, sem casa e sem poderem constituir família. Esta realidade é uma escolha de quem tém o poder porque lhes convém, mas não tem de ser assim.
Em 2019 o povo terá o poder nas mãos e pode escolher um futuro diferente com uma vida melhor para os seus filhos. Poderá escolher um Governo que governe para o bem de todos em vez de um que, ainda que pintado de cor-de-rosa, governe para os mesmos de sempre.