Salvar os Serviços Nacional e Regional de Saúde

O Bloco não é contra a liberdade dos utentes escolherem o privado, não é isso que está em causa. O Bloco é contra é que o dinheiro público seja usado para pagar aos privados e não utilizado em melhorar o público. Que os utentes não tenham que se socorrer dos privados por não haver resposta pública, mas que o façam por livre e espontânea vontade.

O SNS e SRS vivem um momento decisivo para a sua própria sobrevivência.

O BE quer esclarecer os utentes, que somos todos nós e propor medidas não apenas paliativas, mas concretas e de efeito útil e sustentado.

Para isso é absolutamente necessário desmontar a estratégia da direita, obviamente legítima dentro da sua ideologia, mas que não mostra a sua cara, a quem agora, vem mais uma vez pedir o voto.

Vejamos. Sabemos todos nós, que a falta de investimento compromete a qualidade e quantidade dos serviços públicos.

Mas o que é isso da falta de investimento?

Vamos a uns exemplos bem simples que no fundo são a base de tudo. A decisão gestionária do Serviço de Saúde.

Se num hospital público, o conselho de administração optar por não modernizar os aparelhos TACs, Ressonâncias, Ecógrafos, Monitores, Ventiladores, se os deixar estragar, se não atuar logo na sua reparação e substituição, os serviços param. Se não forem comprados os consumíveis, fármacos, material cirúrgico, os serviços param.

Se os serviços param, se as salas fecham, se as cirurgias são adiadas, é oferecida a chave de ouro ao gestor e ao político para entregar a solução aos privados. Os utentes são chutados para os privados, com acordos e cheques cirurgia pagos por todos nós.

É preciso perceber que  os utentes não lá vão parar por liberdade de escolha, vão referenciados pelo público, admitindo a sua própria incapacidade de resposta em fazer por exemplo uma ecografia, um TAC ou análises.

É isto que a maior parte das pessoas não sabe, que esses serviços são pagos pelo público, são pagos com o dinheiro dos contribuintes e que são valores muito mais elevados, do que se se tivesse pura e simplesmente reparado o tal tac e  ecógrafo e comprado atempadamente consumiveis e material cirúrgico. 

O Bloco não é contra a liberdade dos utentes escolherem o privado, não é isso que está em causa. O Bloco é contra é que o dinheiro público seja usado para pagar aos privados e não utilizado em melhorar o público. Que os utentes não tenham que se socorrer dos privados por não haver resposta pública, mas que o façam por livre e espontânea vontade.

E ainda não menos importante mas talvez mesmo o mais importante, a absoluta necessidade de o Estado, fixar os seus recursos humanos dentro dos Hospitais Públicos, e isso só poderá acontecer com uma exclusividade atrativa e não atentatória comparativamente à remuneração dos colegas que vão para fora.

Vejamos a desmotivação dos profissionais médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos. Os profissionais que não vendo o seu trabalho valorizado, a melhoria das condições de trabalho, que por não lhe serem dados argumentos para a fixação no público, vão naturalmente procurar alternativas lá fora. Este lá fora pode ser no privado ou mesmo e mais frequentemente, no estrangeiro.

O Bloco defende a necessidade de estancar esta sangria de fuga de profissionais. Que pensarão os que ficaram no serviço público, quando vêem diariamente colegas prestadores de fora, prestadores de serviços virem, tapar buracos a 700 euros por uma noite?

O Estado tem que dignificar as carreiras, tem sim que fazer concorrência com os privados mas para segurar os seus profissionais.

Este é que é o ponto.

É preciso que as pessoas vejam, que este desinvestimento no público além de trazer estas enormes despesas indiretas a si associadas, tem muito mais consequências, como haver hospitais públicos vazios de equipamentos e de profissionais.

O Estado tem o dever de zelar pelo interesse dos seus cidadãos e uma boa resposta dos serviços públicos é um ótimo começo.