Pecados capitais

O Pedro desceu de divisão e a queda foi vertiginosa. Jogava entre a elite da Primeira Liga e agora está nos Distritais. Nem pela Divisão de Honra conseguiu ficar.

De todo poderoso vice-presidente do Governo Regional, o homem que mandava, era o rosto da governação e tinha mais peso político que Albuquerque, tornou-se chefe de divisão da repartição do Governo que é agora a Câmara Municipal do Funchal (CMF).

Senão vejamos: o Salão Nobre tornou-se o salão de festas de todos os eventos do Governo. Desde protocolos a entregas de certificados, tudo ali se faz, muitas vezes sem a presença do “inquilino” da casa. 

Em apenas 6 meses, a CMF perdeu a sua autonomia, o seu espírito combativo e reivindicativo, a relevância que detinha na afirmação das autarquias enquanto órgão privilegiado de proximidade com a população. Subjugou-se aos interesses do PSD e não ao dos seus munícipes e o Pedro destruiu o peso e a importância política da maior câmara do arquipélago e uma das maiores do país.

Pode até fazer parte da estratégia para conquistar o poder total a qualquer custo, mas também é revelador da falta de liderança e de respeito pelo poder local. Nem Albuquerque se vergou tanto a Jardim.

Quando não está a receber os membros do Governo, o Pedro tem-se dedicado a duas coisas: a apresentar os projectos lançados pelo anterior Executivo, seja a ciclovia, o SIGMA ou o sistema de monitorização de fugas nas redes de água; seja a frota novinha que herdou e tem entregue ao Ambiente; seja as obras de requalificação ou a concessão de espaços no Mercado dos Lavradores com rendas mais adequados à nossa realidade ou a replicação do apoio ao comércio local ou a receber os galardões que premeiam o trabalho desenvolvido no ano de 2021, etc, etc, etc.

A outra coisa a que o Pedro se tem dedicado é a destruir: quer de facto quer na propagação de campanhas caluniosas e de mentiras (como aliás foi a sua campanha eleitoral).

Por birra e irresponsabilidade vai destruir uma parte da ciclovia que acabou de inaugurar. Com isto corre o risco de a CMF ter de devolver fundos comunitários ao mesmo tempo que deita para o lixo 150 mil euros que poderia utilizar para tapar os buracos da Estrada Monumental no percurso entre a ponte da Praia Formosa e Câmara de Lobos. “E qual é o problema!”, é o lema da gestão do Pedro.

Por falta de cultura democrática cancelou a sessão solene do 25 de Abril no Salão Nobre, que se realizava desde 2014 e onde todos os partidos com assento na Assembleia Municipal usavam da palavra. Revelador!

Com isto suspende a democracia e quer coarctar a liberdade de expressão da oposição ao mesmo tempo que demonstra não entender os valores que Abril nos trouxe nem a relevância dos partidos políticos. Sem Abril, o seu partido, tal como todos os outros, não existiria.

Por mera propaganda e numa clara subjugação aos interesses partidários, em detrimento da defesa dos interesses dos funchalenses, lançou um rol de mentiras sobre a gestão da dívida à ARM, a começar pela alegação de ser uma “dívida escondida” e de que a CMF cobra a água aos munícipes e não paga à ARM. É mentira! A CMF paga à ARM de acordo com o tarifário de 2014. O aumento dos tarifários unilateralmente decididos pela ARM, porque infundados e ilegítimos, foi impugnado pela CMF, que sempre tornou público o processo que decorre nos tribunais.

Esta dívida não reconhecida está plasmada nas contas (2015 a 2021) da autarquia, que foram certificadas pelo ROC e visadas pelo Tribunal de Contas. Com tantos “experts” em finanças, é de estranhar que o actual Executivo não saiba ler um Relatório e Contas.

Caricato ainda as sucessivas execuções fiscais de que a CMF foi alvo no âmbito deste diferendo com a ARM. Se o Executivo anterior usasse do mesmo expediente, certamente muitos organismos públicos seriam executados pela CMF.

Dina Letra