Mais do mesmo

O Bloco ficou muito aquém dos objetivos nas regionais, não resistiu à polarização, ao apelo do voto útil. A Madeira vai ter mais do mesmo: um Governo subserviente aos privados, maiores desigualdades, mais pobreza, falta de perspectivas de futuro, desemprego e emigração.

A forte polarização marcou as eleições regionais de 22 de setembro, apesar da pouca diferenciação das propostas entre os dois maiores contendentes, estes elegeram 85% dos deputados. Tratou-se de uma polarização fulanizada (porque fundada nas personalidades e não nos programas políticos, poucos distintos) que os demais partidos não conseguiram contrariar, os que tinham representação parlamentar sofreram forte quebra na votação, face a 2015 (JPP - 40%; BE - 48%; CDS - 53%; PCP - 63%). No caso do Bloco, o termo de comparação era o mais baixo e aquela quebra significou a saída do parlamento.

Em todas as casas há problemas (divisões, descontentamento, erros) e o Bloco não é excepção, mas essas questões não foram as determinantes para o resultado, se fosse o caso, as sondagens e o sentimento na rua teriam dado conta disso. 

Temos um parlamento mais pobre e mais homogénio, com a esquerda (PS é do centro) reduzida a um único deputado, a mais fraca representação de sempre da Autonomia. Uma quase unanimidade de deputados alinhados com o pensamento único dominante, que as empresas privadas é que criam riqueza e empregos e por isso são favoráveis à privatização das funções do Estado, à descida dos impostos sobre as empresas e sobre os ricos (alegadamente para estes investirem, quando a realidade nos mostra que “investem” mas é nos off-shores) e favoráveis à flexibilização e da precarização das relações de trabalho.

Vamos ter mais do mesmo, escolhas políticas que concentram ainda mais a riqueza nas mãos dos “Donos Disto Tudo” e que condenam a esmagadora maioria do população (quem vive do seu trabalho) a maior insegurança no emprego, a menores rendimentos, a serviços públicos (saúde e educação) em degradação progressiva para alimentar os negócios privados. Em suma, vamos ter mais pobreza, mais desigualdades, menos perspetivas de futuro, mais desemprego e mais emigração.

Oxalá eu esteja enganado!
 

(publicado no Diário de Notícias da Madeira a 28/10/2019)