Firme nos princípios, radical na ação

Firmeza com princípios claros e com a radicalidade necessária é sempre, para mim a melhor maneira de caminhar na vida.

A sociedade anda estranha, a vários níveis. Cada vez mais, as notícias que circulam são alarmistas, e se não o forem, quase passam despercebidas. O que interessa é vender, nem que seja pelo alarme, muitas vezes sem o devido fundamento. E isto é válido para as redes sociais, imprensa diária e, sobretudo, para as chamadas “notícias ao minuto”.

Confesso que o pior que pode haver é uma pessoa estar a descansar um pouco e, quando vai ver as notícias, é só mortes de pessoas sós, acidentes, doenças estranhas, ataques entre parlamentares – do mais reles que existe –, violência doméstica, agressões sexuais a crianças, corrupção com os denunciantes a temer pela sua liberdade – porque são os mais fáceis de serem presos –, guerras em todo o lado, políticos internacionais que são umas bestas a acirrar ódios em vez de fraternidade e respeito pelas diferenças entre países, e agora um novo vírus que surgiu no país mais populoso do mundo, a China, fazendo todos correr atrás do alarme, recordando “a doença das vacas loucas”, “a gripe das aves” ou o vírus da gripe A.

Não sei se é pela idade e por tudo o que já acompanhei, em todos estes anos, que detesto tanto alarmismo. Acho que existe uma cadeia formada por muitos oportunistas que ganham com tudo isto e que, depois dos alarmes passarem, nunca se fica a saber a verdade sobre nada. Sempre tivemos vírus em circulação, que vão sofrendo mutações ao longo da vida. Que mesmo levando as vacinas não ficamos 100% seguros. Sabemos que, muitas vezes, é difícil para os verdadeiros cientistas darem respostas atempadas e que muitas vidas se vão perdendo, mesmo de uma chamada “gripe normal”. Mas eu acredito na ciência, e acho que esta vai encontrar as respostas necessárias. Devemos tomar todas as precauções necessárias que estão nas nossas mãos, mas por favor, mais terror NÃO!

Chega-se a uma certa altura em que também queremos boas notícias. Saber que nas últimas eleições italianas, a extrema-direita do “Chega” racista perdeu, é muito bom. E pensar que temos muito futuro pela frente que não deve ser desperdiçado. A esquerda, no geral, tem que saber honrar os seus princípios. Não deixar se arrastar no lodo ou na indefinição. Como diz o povo, ”somos ou não somos?” Não devemos ter medo que nos chamem de radicais. Há dias, na apresentação do livro “Dedicado a Ti - Paulo Martins”, o Paulo foi definido como radical nas suas convicções. E é verdade. Isso é que nos dá coerência na ação. “Meias tintas” é dar espaço à demagogia, e isso é o pior que pode acontecer para que outros cresçam perigosamente e sem merecimento.

As medidas fortes e seguras que o Presidente da Câmara do Funchal está a tomar são um exemplo do que deve ser uma gestão responsável, sem medo das pressões vindas de dentro e de fora. Tenho orgulho, enquanto deputada, da oposição na altura ter votado contra a existência das empresas municipais, que são uma forma dos municípios descarregarem sobre elas as suas obrigações, muitas vezes, ou quase sempre, com desrespeito pelos direitos de quem nelas trabalha.

Firmeza com princípios claros e com a radicalidade necessária é sempre, para mim a melhor maneira de caminhar na vida.

 

(Publicado no Diário de Notícias da Madeira a 1 de fevereiro de 2020)