A coligação da desilusão

O CDS acusou o PSD de ser uma desilusão e apresentou-se às eleições como a “mudança segura” que merecia ser governo. Afinal não há mudança, o CDS só queria o tacho, entranhou-se na desilusão. 

O entendimento entre PSD e CDS era notório há largos meses, em particular as iniciativas do CDS na ALR que o PSD fez o favor de aprovar, mostravam que havia acordo - não há almoços grátis - o PSD nada dá de “amor em graça”.

O negócio entre os partidos decorreu à volta de lugares, sobre alterações à linha política nada transpareceu (também não há diferenças programáticas para conciliar). O CDS apostou todas as “fichas” para garantir os tachos que satisfazem as ambições pessoais dos seus protagonistas: Rui Barreto queria ir para o Governo e José Manuel Rodrigues queria a presidência da ALR, conseguiram, parabéns (cada um com as suas prioridades). O que é que isso traz de positivo para a vida dos madeirenses? Nada!

O PSD pouco cedeu e por isso o Governo tem mais governantes, se o CDS queria lugares foram criados novinhos em folha, mas as pastas mais importantes mantêm-se nas mãos do PSD. Há mais moscas a rondar mas a matéria é a mesma.

Haverá oposição no parlamento regional? As primeiras votações, quase unânimes, para a eleição dos membros da Mesa da ALR dão pertinência à questão: O PS contentou-se em segurar o seu lugar de vice-presidente (para o qual precisou dos votos do PSD) a tentar eleger um presidente diferente do proposto pela maioria, explorando o eventual descontentamento entre os seus elementos; Quanto ao JPP foi meter a colher entre marido e mulher ainda antes do casamento, sugerindo que a noiva não era a mais adequada para a posição que acabou por ocupar.

Logo após a eleições foi noticiado que o Governo Regional encontrou mais um pretexto (Penedo do Sono) para entregar mais uns milhões (seis) ao grupo Sousa, por decisão de um “tribunal arbitral”, privado portanto. Para dar milhões aos donos disto tudo não é de fiar nos tribunais do Estado, algum juiz mais zeloso poderia questionar pelo interesse público… Dezasseis anos após a construção das infraestruturas encontra-se um proprietário dos terrenos que tem de ser indemnizado? Da oposição parlamentar nem um pio.

Na primeira reunião do novo Governo a preocupação maior foi com a comunicação, (com a propaganda, entenda-se). É clarificador, a preocupação com a propaganda é tanto maior quanto maior a intenção de governar contra os interesses do Povo - as ditaduras em regra elevam a propaganda à importância de um ministério.

 

(publicado no blog Gnose a 21/10/2019)