Assumir responsabilidades

Queremos ser autónomos, mas esperamos que os outros resolvam os nossos problemas. A mobilidade, a saúde, a pobreza, o trabalho precário são problemas que a nossa região não resolve por ineficiência governativa mas justificada com um alegado inimigo externo.

Tendo como contexto a nossa região autónoma essa palavra está gravemente ferida no seu sentido. É utilizada muitas vezes em grandes discursos, mas poucas destas no seu real sentido. Queremos ser autónomos, mas esperamos que os outros resolvam os nossos problemas, exemplo disso tem sido a governação da nossa região que culpa sempre os outros da sua incapacidade de gerir e resolver as situações que aparecem. A mobilidade, a saúde, a pobreza, o trabalho precário são problemas que a nossa região enfrenta e que corta as possibilidades de sermos verdadeiramente livres de fazer e agir, pois a ineficiência governativa junto com a utilização do inimigo externo ano após ano transformam-se em entraves para o bom desenvolvimento e bem-estar dos cidadãos. A sociedade não é só composta pelas elites, por isso todos os extratos sociais são importantes e devem ser dadas garantias de sustentabilidade para todos.

De futuro espero que quem nos governe tenha a real capacidade de resolver as lacunas que a nossa região apresenta e que deixe verdadeiramente de culpar os outros pela situação. Que peça maior autonomia para a região, mas seja responsável pela sua gestão. Temos que ser pró-ativos e autónomos quer na política quer nas outras áreas da nossa vida, e enquanto cidadãos devemos saber escolher o caminho a seguir, participando de forma ativa, mas também assumirmos as nossas responsabilidades na construção do mesmo. Espero também que a nossa sociedade dê um salto que não deu em mais de 40 anos de democracia e que perceba realmente ao ponto que chegamos e aonde deveríamos estar. Uma abertura de mentalidade é necessária, bem como ter a responsabilidade do nosso futuro nas nossas mãos e não nas dos outros.

(publicado no JM a 1 de julho)