Revolta da Farinha: quando o Povo se levantou contra o monopólio

É necessária uma nova revolta do Povo da Madeira (pacífica, através do voto) pelo fim dos monopólios, pelo fim dos privilégios de alguns a quem tudo é permitido, por maior justiça social.

A Revolta da Farinha foi um levantamento popular espontâneo contra o aumento do custo de vida, contra a subida do preço do pão em particular, decorrente da criação de um monopólio na importação de cereais, por decreto de Salazar – que ficou conheondcido como “o decreto da fome”.

A revolta decorreu entre 4 e 9 de fevereiro de 1931. A Insular de Moinhos foi uma das empresas beneficiadas pelo decreto e por isso foi alvo da fúria dos revoltosos.

Uma das marcas da ditadura de Salazar foi a concessão de privilégios a algumas famílias, que passavam a dominar setores económicos inteiros. Tivemos na Madeira forte concentração em diversas atividades por determinação do Governo de Salazar, na transformação do leite, na da cana de açúcar, além da importação de cereais. A consequência foi em cada caso a perda de rendimentos e o aumento do custo de vida da população.

No presente temos um cenário semelhante, mas agora é o Governo Regional a criar e a alimentar os monopólios, a concentrar as atividades económicas e o poder nas mãos de umas poucas famílias – é para isso que tem servido a Autonomia – com a mesma consequência no aumento do custo de vida. Temos monopólios ou negócios com lucros garantidos pelo Governo Regional no transportes marítimo e nos portos, nas concessões da Via Litoral e Via Expresso, nas inspeções automóveis ou na gestão privada da Zona Franca. O outro lado da moeda é a pobreza, o desemprego e uma nova vaga de jovens qualificados a ter de emigrar porque não encontra perspetivas de futuro na Madeira.

Esta realidade que urge transformar e é necessária uma nova revolta do Povo da Madeira (pacífica, através do voto) pelo fim dos monopólios, pelo fim dos privilégios de alguns a quem tudo é permitido, por maior justiça social. Uma Autonomia que dê oportunidades de futuro a todos os madeirenses e não apenas a alguns, porque o dono da Madeira é o Povo.