“Redução do PEC é um consenso real, em vez de um acordo dos patrões consigo próprios”

Catarina Martins defendeu que “a substituição da redução da Taxa Social Única pela redução do pagamento especial por conta é um incentivo à liquidez e ao investimento em vez da concorrência pelas piores práticas”.

“É, seguramente, uma aposta no incentivo às empresas, em vez do incentivo aos baixos salários, e é um consenso real, em vez de um acordo dos patrões consigo próprios”, adiantou a coordenadora bloquista durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, que teve lugar esta sexta-feira.

“E, por isso, o que nós fizemos neste Parlamento foi acabar de vez com a ideia peregrina de que o aumento do salário mínimo deve ser compensado. Essa ideia morreu, paz à sua alma”, acrescentou Catarina Martins.

Segundo a dirigente do Bloco, “há outra conquista neste processo”.

“É que se pensarmos todos chegamos à conclusão daquilo que já sabíamos: que o Governo encontra à sua esquerda a disponibilidade e a capacidade para negociar as soluções de que o país precisa. Deixemos a direita presa no seu labirinto e vamos ao que interessa”, rematou.

Catarina Martins abordou ainda António Costa sobre o aumento de 37%, nos últimos três anos, do preço da habitação em Lisboa e de 40% nos arrendamentos na capital.

“As pessoas estão a ser expulsas do centro da cidade e não encontram habitação”, alertou a coordenadora bloquista.

“Assunção Cristas, quando era ministra, gostou muito de alterar o regime de arrendamento urbano, atacou até a renda apoiada, veja-se lá, e, com isto, fez os preços da habitação impossíveis para a generalidade da população, embora agora, aparentemente, se tenha esquecido disso mesmo”, assinalou Catarina Martins.

“Nós já fizemos caminho, quando revemos a renda apoiada e, por isso, hoje, nos bairros sociais, há um pouco mais de justiça no cálculo da renda. Mas o regime de arrendamento urbano mantém-se o mesmo. O trabalho conjunto que fizemos, o Bloco de Esquerda com o Partido Socialista, com o Governo, aponta para essa prioridade: rever o regime de arrendamento urbano não só para acabar com o balcão dos despejos, mas para rever também a forma como são calculadas as rendas das casas”, afirmou a deputada.

“A habitação é um direito básico das populações e o desafio que lhe faço é que possamos, muito em breve, abrir esse processo”, frisou ainda Catarina Martins.

Catarina Martins: "Acabou a ideia de se compensar o patronato por causa do salário mínimo"