Pôr a TAP em Tribunal é mais um ato de hipocrisia e um show-off sem consequências.

A TAP causa efetivamente prejuízos à Madeira, mas só o faz porque foi criado um quadro legal permissivo, que a desobriga de cumprir regras de serviço público, com a liberalização da linha aérea decidida em 2008 pelo governo regional do PSD.

Posteriormente o quadro foi agravado com a privatização da TAP e da ANA, da responsabilidade do governo PSD/CDS, empresas mantidas sob gestão privada pelo atual governo do PS. Estes partidos estão mais estão mais preocupados com o lucro dos acionistas privados que com o bem estar do povo e a indignação que mostraram ontem com a TAP no parlamento regional é um exercício de enorme hipocrisia.

Os preços do avião entre a Madeira e o continente são exagerados, reconhece a TAP, mas isso deve-se à lei do mercado, justificou a administração, aquando da recente visita à Madeira. A lei do mercado é a lei do mais forte, é a lei da selva. Os partidos (PS, PSD e CDS) que criaram esta situação, se não gostam das consequências das suas decisões, têm um remédio fácil, emendem a mão, acabem com a lei da selva e impunham regras de serviço público à TAP que protejam os passageiros e a Madeira. Sem isso os seus lamentos públicos não passam de lágrimas de crocodilo, de pura hipocrisia.

Outros alimentam a fantasia que os problemas terminariam com a entrada de uma terceira companhia nas ligações a Lisboa. Estamos desde 2008 a espera da concorrência que iria fazer baixar os preços, passaram dez anos, mas a concorrência nunca chegou e não há impedimento. Dez anos chegam para perceber que a liberalização não nos serve e que são necessárias regras de serviço público.

O Governo Regional em vez de governar, de procurar resolver os problemas dos madeirenses, entretém-se e entretém o povo com acusações contra Lisboa que não levam a nada! Precisamos de um governo que enxergue os problemas e encontre as soluções, não basta fazer queixas, ainda que em Tribunal.