É pagar para trabalhar, com os preços dos transportes públicos na Madeira.

Os transportes públicos são caros na Madeira, há quem gaste um terço do ordenado em passes - isto é pagar para trabalhar. O Governo Regional está preocupado com os lucros dos donos dos operadores privados e não com os utentes e trabalhadores. Os serviços públicos existem para satisfazer os seus utentes e não as expetativas de lucro dos agentes privados.

O Diário de Notícias este domingo dá destaque ao importante tema dos transportes públicos rodoviários e ao custo excessivo dos passes sociais na Madeira. O Bloco de Esquerda já chamou a atenção para este problema em julho, quando alertou para o exagero que é uma pessoa gastar um terço da sua remuneração mensal em passes, no caso de combinar um passe de fora do Funchal com outro passe para o Funchal – Isto é pagar para trabalhar!

Em Lisboa, o presidente da câmara lançou o debate com a proposta de limite máximo de 40€ para os passes combinados nos transportes públicos. A Estónia avançou com uma política ainda mais avançada de transportes públicos gratuitos.

O Governo Regional do PSD demite-se das suas responsabilidade e fica à espera que Lisboa pague a fatura de eventuais medidas, quando Madeira tem Autonomia e os transportes públicos são competência regional. Reduzir o preço dos transportes - dos passes em especial - implica um esforço do Orçamento da RAM, que tem efeitos positivos para a economia: o rendimento disponível das famílias aumenta; reduz-se a importação de combustíveis; diminui o congestionamento do trânsito, o stress e a poluição; melhora a saúde e a produtividade no trabalho. E são benefícios para os madeirenses que justificam o investimento do Governo Regional.

Mas a Autonomia para o PSD só serve para favorecer os negócios dos donos da Madeira, quando se trata de beneficiar o povo, o PSD fica à espera que seja Lisboa a pagar a conta!

O limite de 40 Euros para o custo mensal com o passe dentro da Madeira é mais que justo. Mas o valor máximo do passe na Região deve ser determinado de modo que o uso do transporte coletivo por uma família com quatro utilizadores, seja mais barato que o recurso ao carro familiar.

Não é só o preço que importa para haver maior recurso ao transporte público, há que modernizar as frotas, integrar as redes e a bilhética, melhorar a informação. Tudo previsto no PIETRAM – Plano Integrado Estratégico dos Transportes da RAM, mas que não sai do papel, pois o governo tem outras prioridades que não o bem estar da população.

O governo do PSD está mais preocupado com os lucros dos donos das empresas que atuam fora do Funchal, que com os utentes e trabalhadores das mesmas. Com o novo Regime Jurídico em vigor desde 2015, a RAM pode atribuir a exploração de todas as linhas à empresa pública Horários do Funchal (HF), esta depois iria integrar os trabalhadores das outras empresas e os equipamentos necessários à atividade. Um operador único é a melhor forma de ter integração da rede, dos sistemas de bilheteira e de informação aos utentes, o que é um objetivo do PIETRAM.

O Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Regional um projeto de resolução que visa atribuir à HF a exploração de toda a rede de transportes públicos da Madeira, como o modo mais eficaz de atingir os objetivos do PIETRAM e de salvaguardar a qualidade dos serviços de transporte prestados e dos empregos nesta atividade – ou seja, para uma melhor qualidade de vida para os madeirenses. Porque os serviços públicos existem para satisfazer os seus utentes e não as expetativas de lucro dos agentes privados.

(imagens do Diário de Notícias da Madeira de 9/09/2018)